INTERNACIONAL

Parte do mistério do coronavírus se revela

"Coronavírus", uma palavra desconhecida para muitos há apenas três meses, agora faz parte da vida de bilhões de pessoas, que todos os dias aprendem um pouco mais sobre esta doença combatida por médicos e cientistas no mundo inteiro

AFP
07/04/2020 às 10:40.
Atualizado em 31/03/2022 às 03:37

"Coronavírus", uma palavra desconhecida para muitos há apenas três meses, agora faz parte da vida de bilhões de pessoas, que todos os dias aprendem um pouco mais sobre esta doença combatida por médicos e cientistas no mundo inteiro.

A gravidade da COVID-19, a doença causada pelo novo coronavírus, aumenta com a idade, como diferentes estudos têm demonstrado.

O último deles, publicado em 31 de março na revista médica britânica The Lancet, mostra que a doença é, em média, muito mais perigosa para pessoas acima de 60 anos, com uma taxa de mortalidade de 6,4%, a qual dobra (13,4%) entre maiores de 80 anos, contra 0,32% em menores de 60 anos, segundo o estudo baseado em centenas de casos chineses observados em fevereiro.

O trabalho mostra que a proporção de pacientes que necessitam de hospitalização aumenta acentuadamente com a idade: 0,04%, para a faixa etária de 10 a 19 anos; 4,3%, para entre 40 e 49 anos; 11,8%, para entre 60 e 69 anos; e 18,4%, para maiores de 80 anos.

Além da idade, ter uma doença crônica (insuficiência respiratória, doença cardíaca, hipertensão, diabetes, histórico de acidente vascular cerebral, câncer...) é um fator de risco.

Em um relatório recente sobre 10.000 mortes, o Instituto Superior de Saúde da Itália (ISS) identificou patologias comuns entre os falecidos. As mais frequentes são hipertensão (73,5% dos casos), diabetes (31%), ou cardiopatia isquêmica, uma doença cardíaca grave (27%).

Finalmente, conforme uma análise publicada em 24 de fevereiro por pesquisadores chineses na revista médica americana Jama, a doença é benigna em 80,9% dos casos; "grave", em 13,8%; e "crítica", em 4,7%.

Se o número de mortes no mundo for relacionado ao número de casos registrados oficialmente, a COVID-19 mata 5% dos pacientes.

A suposta taxa de mortalidade ainda deve ser tomada com cautela, porém, pois não está claro quantas pessoas foram realmente infectadas.

Como muitos pacientes desenvolvem poucos ou nenhum sintoma, é provável que o número de casos seja maior do que o detectado, o que reduziria a taxa de mortalidade.

Além disso, os países têm políticas de teste muito diferentes, e alguns não testam sistematicamente todos os casos suspeitos.

Se forem levados em conta os casos não detectados, "provavelmente a taxa de mortalidade seria de cerca de 1%", ou "10 vezes mais do que a gripe sazonal", explicou o diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas (EUA), dr. Anthony Fauci.

O estudo publicado no periódico The Lancet estimou em 1,38% a proporção de mortes entre os casos confirmados.

No entanto, o perigo de uma doença depende não apenas da taxa absoluta de mortes, mas também de sua capacidade de se espalhar.

Mesmo que apenas 1% dos pacientes morram, "pode apresentar números significativos, se 30% ou 60% da população for infectada", explica o dr. Simon Cauchemez, do Instituto Pasteur de Paris.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por