Nelson Rodrigues era um grande defensor do rio Piracicaba (Arquivo/Gazeta de Piracicaba)
Morreu na manhã de ontem, às 10h, o engenheiro agrônomo Nelson de Souza Rodrigues. Seu corpo foi velado no Cemitério da Saudade e sepultado às 17h. Formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e agraciado recentemente com a moção de aplausos de autoria do vereador Gilmar Rotta (PP), pela trajetória de luta ambiental e amor pela natureza na campanha de redenção ecológica da Bacia do Piracicaba, ele foi personagem fundamental para o fortalecimento de legislações estaduais e federais que norteiam o saneamento básico no Brasil.
Para o vereador Gilmar Rotta, trata-se de uma perda lastimável. "Piracicaba perde. A pesquisa ambiental perde. Um homem de profundo conhecimento, sempre atento a todas as ações voltadas ao meio ambiente, na cidade e região. Todos os pesquisadores da cidade o procuravam para tirar dúvida, pedir sua opinião e conversar. Vamos sentir sua falta".
Sergio Razera, diretor-presidente da Agência das Bacias PCJ, disse que o professor Nelson tem uma importância capital no que hoje conhecemos como gestão dos recursos hídricos e gestão descentralizada dos recursos hídricos.
“Sua luta teve como foco a despoluição e preservação do rio Piracicaba. Em meados dos anos 1980 e início da década de 90, havia movimentos com características de protestos ambientalistas, porém, com o conhecimento técnico e dedicação dele ao tema, aquilo mudou de figura e ganhou força. Professor Nelson, como técnico que era, encampou e capitaneou um estudo que elencava uma série de problemas que resultavam na poluição do rio. Então, foram propostas soluções para cada um desses desafios e como eles poderiam ser enfrentados. A atuação do professor Nelson foi primordial para o que é hoje a gestão dos recurso hídricos e consequentemente, a melhoria na qualidade da água do rio Piracicaba".
Natural de São Paulo, Nelson passou a infância às margens do Riacho do Ipiranga, palco consagrado na obra Independência ou morte, de Pedro Américo de Figueiredo e Mello, sobre o "grito" da Independência, pelo imperador Dom Pedro I. Foi o mesmo rio que despertou nele o amor pelas águas, peixes e pássaros. O pesquisador se formou em agronomia pela Esalq, em 1948, onde continuou seus estudos, considerados referências para a preservação ambiental.
Um exemplo de suas pesquisas é a utilização do popular aguapé, até então tido como praga, em projeto inicialmente realizado no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), para estabelecer alguns padrões de depuração da água, que depois foi implantado no Ribeirão Piracicamirim, num decréscimo da poluição de cerca de 80% e chegando a atingir 95% de depuração dos efluentes do ribeirão.
Como servidor público junto à Secretaria de Agricultura de São Paulo, assumiu a chefia do setor de Documentação e Divulgação da Divisão de Conservação do Solo. Ao longo da carreira como agrônomo, desenvolveu trabalhos em Piracicaba, Mogi Guaçu e Pirassununga.