INTERNACIONAL

Pior ainda está por vir, dizem médicos sobre coronavírus na Índia

Os médicos de um dos principais hospitais particulares da Índia não param no Centro de Terapia Intensiva (CTI) com trajes de proteção completos

AFP
12/06/2020 às 08:28.
Atualizado em 27/03/2022 às 16:52

Os médicos de um dos principais hospitais particulares da Índia não param no Centro de Terapia Intensiva (CTI) com trajes de proteção completos. Todos os leitos estão ocupados por pacientes com coronavírus e cresce o temor de que o pior está por chegar.

"Não sabemos quando acontecerá o pico da pandemia", disse o médico Deven Juneja à AFP durante uma pausa em suas rondas no Hospital Max Smart Super Specialty, em Nova Délhi.

"Todos esperamos o melhor, mas estamos preparados mental e fisicamente para o pior", explica, enquanto é possível ouvir os bipes dos eletrocardiogramas e o som dos respiradores artificiais.

Com a crise econômica, o governo da Índia flexibilizou nos últimos dias as restrições draconianas impostas no fim de março a 1,3 bilhão de habitantes.

A cada dia, porém, o país registra em média quase 10.000 novos casos, com um balanço atual de mais de 285.000 infectados e 8.102 mortes provocadas por COVID-19.

Os números estão longe dos anunciados na Europa e nos Estados Unidos, mas especialistas acreditam que o balanço real seja muito maior.

Os jornais publicam histórias de pacientes que faleceram depois que não conseguiram atendimento. O governo está transformando estádios de críquete em hospitais de campanha. Os crematórios se esforçam para atender a demanda.

Em Nova Délhi, a situação é particularmente grave: o governo da cidade prevê que o número de casos aumentará em 20 vezes, chegando a mais de meio milhão de infectados, até o fim de julho, mas o sistema de saúde não parece preparado para tal cenário.

As ambulâncias chegam constantemente ao hospital Max, que, assim como outros centros particulares da cidade de 20 milhões de habitantes, recebeu a ordem do governo para reservar 20% dos leitos para pacientes com coronavírus.

Como as famílias não podem visitar os pacientes com o vírus, Juneja também atua como cuidador.

"Todos estamos tentando manter nossa moral nestes tempos difíceis", afirmou o médico.

"Temos muito trabalho. Queremos que nossos pacientes se recuperem rapidamente e tentar conseguir mais leitos", completou.

O hospital passou por uma transformação drástica, delimitando zonas verdes e vermelhas. Uma área da maternidade virou um centro de atendimento do coronavírus.

Cartazes com personagens infantis e bebês sorridentes recebem os pacientes que chegam, enquanto os funcionários, com equipamentos de proteção completos, examinam as pessoas para saber se estão com febre, ou se têm outros sintomas.

A enfermeira Vinita Thakur afirma que usar os trajes de proteção durante muitas horas no verão indiano é um imenso "esforço físico e mental".

"Depois de vestir os equipamentos de proteção, não podemos beber água, não podemos comer, nem ir ao banheiro", explica Thakur enquanto atende um paciente idosos no CTI.

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