Piracicaba: centro de inteligência do agronegócio

Piracicaba está diretamente envolvida em um projeto global de combate à fome. E nessa ação de viés econômico, mas também humanitário, o ecossistema integrado, encabeçado pela Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), que coloca a cidade na condição de Vale do Silício do Agronegócio, cumpre sua missão de produtor e disseminador de alta tecnologia, imprescindível para o ganho de produtividade necessário para alimentar o mundo nos próximos 10 anos.

A análise é feita por quem dedicou a vida ao agronegócio, o engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues. Reconhecido mundialmente por sua atuação e liderança em diversas frentes, Rodrigues é atualmente coordenador do Centro de Agronegócio da FGV (Fundação Getúlio Vargas), presidente da Academia Brasileira de Ciência Agronômica, membro de vários conselhos de empresas, instituições representativas do agro e de academias. Mas, tem um portfólio brilhante. Já foi ministro da Agricultura, secretário de Agricultura de São Paulo, presidente da OCB (Organização das Cooperativas do Brasil) e da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), entre muitos outros cargos.

Por isso, ele diz que as perspectivas de crescimento econômico, atreladas ao agronegócio, são positivas para a região porque a ciência e a formação de grandes profissionais está aqui.

"Esse centro de startups que Piracicaba lidera hoje, em nível nacional e continental, vai trazer inovações tecnológicas de grande efeito e grande resultado para a economia agrícola brasileira e para a atividade produtiva do nosso país", avalia.

Os reflexos para Piracicaba e municípios vizinhos serão inevitáveis, segundo o engenheiro, e já têm sido sentidos com a vinda de empresas de inteligência e tecnologia e consultorias integradas à ideia de agricultura circular, que mostram que o Brasil não é só uma potência agrícola, mas uma potência ambiental. Rodrigues acredita, inclusive, que problemas relacionados a mudanças climáticas terão soluções oriundas na região de Piracicaba.

"Temos nessa nossa Noiva da Colina uma condição espetacular de contribuição para que o Brasil cresça cada vez mais, transformando-se no que está destinado a ser: o campeão mundial da segurança alimentar e o campeão mundial da paz. Porque não haverá paz onde houver fome."

Oferta de alimentos
 

Para subsidiar sua análise, Rodrigues cita estudos feitos pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) e pela USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que apontam que em 10 anos, a oferta mundial de alimentos precisa crescer 20%, o que ele classifica como tarefa difícil.
Projeções indicam que os Estados Unidos crescerão, no máximo, 10%; o Canadá, 9%; a União Europeia, 12%; a Oceania, 9%; os países da Eurásia (China, Rússia, Índia), 13%, nesse mesmo período.

"Os estudos dizem que, para que a oferta mundial de alimentos cresça 20%, é fundamental que, no mesmo período, o Brasil cresça o dobro, ou seja, 40%, dadas nossas condições excepcionais de tecnologia tropical sustentável, crescimento de terras cultivadas e da gente preparada que temos, em todas as cadeias produtivas no território nacional", diz.

Nesse sentido, o especialista destaca que essa demanda de 40% de crescimento vai depender, fundamentalmente, da ciência, do empreendedorismo e das inovações tecnológicas geradas em pesquisas a partir de Piracicaba. "Portanto, a cidade tem um compromisso que transcende o território nacional. Tem um compromisso com a humanidade toda, na defesa da alimentação global e, portanto, da paz mundial", ressalta.