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Piracicaba tem alto índice de cesariana

O Ministério da Saúde alerta que estes partos chegaram a 84,6%

Adriana Ferezim
adriana.ferezin@gazetadepiracicaba.com.br
25/04/2016 às 10:51.
Atualizado em 28/04/2022 às 05:29
Adriana Alves Pereira conta que o parto normal sempre foi a primeira opção (Divulgação)

Adriana Alves Pereira conta que o parto normal sempre foi a primeira opção (Divulgação)

O índice de cesarianas no município é mais alto que o do País, que chegou a 55% nos últimos anos, conforme o Ministério da Saúde. A média de realização desse procedimento, em Piracicaba, é de 63,36%, enquanto que os partos normais chegaram à média de 36,48%, entre 2000 e 2014. Em 2013, dos 5.279 partos realizados na cidade, 70,09% (3,7 mil) foram cesarianas e 29,91% (1.579) normais. Em 2014, foram 5.411 nascidos vivos, 68,31% por meio de cesarianas (3.696) e 31,69% (1.715) por partos normais. Os dados são do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Piracicaba (Ipplap), com base nas informações da Secretaria Municipal de Saúde. O Ministério da Saúde alerta que os partos cesáreos chegaram a 84,6% na rede particular do País e chegaram a 40%, no sistema público, nos últimos anos. Para diminuir o número de cesarianas desnecessárias, o MS publicou, neste mês, no Diário Oficial da União, o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Cesariana, trazendo os parâmetros que devem ser seguidos, a partir de agora, pelas secretarias de Saúde dos Estados, Distrito Federal e municípios. O documento foi elaborado após meses de discussão e consulta pública. “O objetivo das diretrizes, elaboradas dentro de rigorosos parâmetros de qualidade, precisão de indicação e evidências científicas nacionais e internacionais, é auxiliar e orientar os profissionais da saúde a diminuir o número de cesarianas desnecessárias, uma vez que o procedimento, quando não indicado corretamente, traz inúmeros riscos, como aumento da probabilidade de surgimento de problemas respiratórios para o recém-nascido e grande risco de morte materna e infantil”, informa o MS. Entre os principais destaques do protocolo, além de derrubar o mito de que a cesariana é mais segura e que o parto normal é sempre um procedimento de dor e sofrimento, é auxiliar na busca das melhores práticas em Saúde. Para o secretário de Atenção à Saúde do MS, Alberto Beltrame, o País vive uma epidemia de cesarianas que se tornaram a principal via de nascimento. “A melhoria da qualidade na atenção obstétrica passa, essencialmente, pela mudança no atendimento à mulher durante o parto. É importante reforçar que a cesariana é uma conquista científica que, quando indicada corretamente, pode salvar vidas, mas ela não deve ser feita indiscriminadamente”, explicou a coordenadora-geral de Saúde da Mulher do MS, Maria Esther Vilela. Procedimento Em Piracicaba, no ano passado, entre janeiro e março, ocorreram 1.419 partos, sendo 66,24% cesáreas e 33,69% normais, conforme o Ipplap. No Hospital dos Fornecedores de Cana (HFC), em todo o ano de 2015, foram realizados 1.428 cesarianas e 1.008 normais. Santa Casa e Unimed não informaram os dados na última sexta-feira. Para Adriana Alves Rosa Pereira, 33 anos de idade, o parto normal foi sempre a primeira opção para o nascimento de Alice da Rosa Pereira, que fará três meses no dia 28 de abril. No entanto, ela entrará na estatística das cesarianas necessárias. “Meu médico é um dos únicos que incentiva o parto normal. Duas amigas tiveram filhos antes de mim e foram cesarianas. Não queria isso, mas no final da gestação minha pressão arterial subiu muito”, contou. Ela começou a tomar medicamento para controlar a hipertensão em novembro de 2015 e chegou a ser internada por três dias. “No ultrassom feito no dia 27 de janeiro, foi verificado que o líquido aminiótico tinha secado, a bebê estava com restrição de crescimento, pesava somente 1,7 quilo e havia suspeita de sofrimento fetal. Saí do consultório direto para a maternidade. Alice nasceu com 35 semanas e ficou 23 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal para ganhar peso. Eu não queria a cesariana, mas, no meu caso, ela foi necessária”.

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