INTERNACIONAL

Plástico de uso único ganha força em meio à pandemia

Máscaras para cobrir o rosto, ou cubículos de plástico para restaurantes. O plástico de uso único, ao qual o mundo havia declarado guerra, volta a ganhar força em virtude da pandemia de coronavírus

AFP
18/06/2020 às 10:48.
Atualizado em 27/03/2022 às 16:38

Máscaras para cobrir o rosto, ou cubículos de plástico para restaurantes. O plástico de uso único, ao qual o mundo havia declarado guerra, volta a ganhar força em virtude da pandemia de coronavírus.

Uma praga para mares e oceanos, estas máscaras, luvas e outras embalagens representam, porém, apenas uma pequena parte da indústria do plástico, em crescimento constante.

No novo mundo, as máscaras, visores e luvas são os novos acessórios da moda. Os cabeleireiros usam aventais descartáveis, a ONU recomenda as companhias aéreas que cubram seus pratos de comida com filme de plástico transparente e, nos lares para idosos, são usadas telas protetoras do mesmo material durante as visitas.

A Califórnia suspendeu a proibição de usar sacolas de uso único por dois meses e, na Arábia Saudita, alguns supermercados impõem a seus clientes o uso de luvas descartáveis.

O setor industrial aproveitou a chance. Nos Estados Unidos, a Plastics Industry Association pediu em 20 de março que sua atividade fosse considerada "essencial" em tempos de confinamento.

"O plástico de uso único é uma questão de vida, ou morte" nos hospitais, escreveu Tony Radoszewski, presidente desse grupo de pressão, que também destacou o papel das sacolas de uso único para "proteger funcionários de supermercado e consumidores".

O plástico não é, porém, uma proteção absoluta. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), lavar as mãos é mais eficaz do que usar luvas.

Segundo um estudo publicado na revista americana NEJM, o coronavírus sobrevive até dois, ou três, dias no plástico e 24 horas no papelão.

"Para fins médicos, não há nada melhor do que o uso único. Mas querem nos fazer acreditar que é uma boa resposta para o consumo diário. É um grupo de pressão. O plástico reutilizável não traz um problema de saúde", insiste Raphaël Guastavi, da Agência Francesa de Gestão da Energia (Ademe), que vê com bons olhos que "os representantes europeus não queiram ceder" à pressão.

O Quênia tampouco. Desde junho, o país africano proibiu todos os plásticos de uso único, incluindo as garrafas de água, nas zonas protegidas.

Desde a pandemia da COVID-19, veem-se máscaras e luvas na calçadas e nas praias, de Hong Kong a Gaza.

A ONG World Wide Fund (WWF) pede vigilância. Em 2019, já havia estimado que 600.000 toneladas de plástico estavam sendo lançadas no Mediterrâneo, 40% delas no verão.

"Parecia que estava ganha a batalha cultural contra o plástico de uso único. Hoje se abriu uma brecha e temos de responder a ela", convocou Pierre Cannet, do WWF-França.

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