INTERNACIONAL

Pontos para entender a crise que atinge o presidente da Guatemala

Milhares de guatemaltecos saíram às ruas no fim de semana para exigir a renúncia do presidente conservador Alejandro Giammattei, a quem acusam de negligenciar o combate à pobreza e setores como saúde e educação

AFP
23/11/2020 às 21:29.
Atualizado em 24/03/2022 às 02:16

Milhares de guatemaltecos saíram às ruas no fim de semana para exigir a renúncia do presidente conservador Alejandro Giammattei, a quem acusam de negligenciar o combate à pobreza e setores como saúde e educação.

Apesar do tom pacífico da maioria dos protestos, um grupo de cerca de 100 manifestantes incendiou parte do prédio do Congresso no sábado.

Confira alguns pontos para entender a origem dessas manifestações e para onde estão indo.

Os protestos surgiram porque diversos setores da população guatemalteca consideraram que o orçamento aprovado para 2021 não prioriza o combate à pobreza, que atinge 59,3% dos quase 17 milhões de habitantes, segundo dados oficiais.

O orçamento, elaborado pelo Executivo e que atinge a cifra recorde de 12,8 bilhões de dólares, foi aprovado pelo Congresso, em sua maioria pró-governo.

As críticas se concentram no aumento da despesa pública com o desenvolvimento de infraestruturas, em benefício das construtoras, deixando de lado o combate à pobreza, a educação e a saúde, quando a pandemia deixa mais de 4.000 mortos e quase 120.000 infecções no país.

Especialistas apontam que os distúrbios são uma resposta ao cansaço da população diante de um "sistema estrutural de corrupção", como disse à AFP Carmen Aída Ibarra, diretora da organização Pro Justicia, e à falta de transparência no manejo da pandemia.

A Guatemala também foi recentemente atingida pelos ciclones Eta e Iota. Muitas comunidades permanecem isoladas por deslizamentos de terra e pela destruição de pontes e estradas.

"O orçamento não priorizou o combate à pobreza, educação, saúde ou combate à desnutrição infantil (que atinge quase 50% das crianças menores de cinco anos), mas priorizou ministérios acusados de corrupção, como as Comunicações", lamentou Edie Cux, diretora da Acción Ciudadana, um braço local da Transparência Internacional.

Soma-se a isso a falta de transparência na gestão dos recursos destinados à pandemia e a rejeição à criação de um superministério liderado por pessoa próxima ao presidente Giammattei.

O Congresso aprovou empréstimos de mais de 3,8 bilhões de dólares para atender à pandemia, mas apenas 15% desses recursos chegaram aos guatemaltecos, segundo dados oficiais e de auditores da Oenegés.

"Este grande sistema de corrupção não é atacado", afirmou Ibarra, lembrando que só houve avanços neste campo quando funcionou a Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala (Cicig), entidade da ONU que funcionou de 2007 a 2019.

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