O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, foi preso e afastado do cargo nesta terça-feira, (22) acusado de "liderar uma organização criminosa" em um suposto esquema de pagamentos de propinas no mais recente caso de corrupção na cidade que é o cartão postal do Brasil
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, foi preso e afastado do cargo nesta terça-feira, (22) acusado de "liderar uma organização criminosa" em um suposto esquema de pagamentos de propinas no mais recente caso de corrupção na cidade que é o cartão postal do Brasil.
Crivella, um pastor evangélico licenciado que está a nove dias do fim do mandato, foi detido pouco ante das 6h em sua casa na Barra da Tijuca.
A desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, determinou também o afastamento de Crivella do cargo, a quem aponta como "chefe de uma organização criminosa (...) que atuava dentro da prefeitura".
À tarde, após uma audiência de duas horas, ela determinou a manutenção de sua prisão preventiva e o prefeito, segundo imagens da televisão, foi transferido para uma penitenciária na zona norte da cidade.
Crivella, que nas eleições de novembro, em que foi derrotado, teve o apoio do presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, declarou ser alvo de "perseguição política".
"Fui o prefeito que mais atuou contra a corrupção no Rio de Janeiro". Em seguida, ele pediu "justiça".
No total, foram emitidas sete ordens de prisão, seis delas cumpridas.
Entre os detidos está Rafael Alves, acusado de ser o chefe do suposto "QG da propina" na prefeitura, irmão de Marcelo Alves, ex-presidente da Riotur.
Também foi detido Mauro Macedo, ex-tesoureiro de campanhas de Crivella e primo de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), de quem o prefeito do Rio é sobrinho.
De acordo com a investigação do MP do Rio de Janeiro, iniciada em 2018 com a delação de um doleiro, empresas que desejavam assinar contratos com a Riotur pagavam propinas ao empresário Rafael Alves.
"A organização criminosa arrecadou dos empresários pelo menos R$ 50 milhões, foi o que conseguimos apurar. Agora, quanto foi para cada um, aí realmente é algo que não temos essa previsão", disse em coletiva de imprensa o vice-procurador-geral Ricardo Ribeiro Martins.
Esses pagamentos eram efetuados apesar de a prefeitura "não ter dinheiro nem para pagar o 13º salário" de seus funcionários e acumular atrasos salariais nos hospitais e outras instituições municipais, acrescentou.
O desacreditado prefeito da "Cidade Maravilhosa" cederia sua cadeira em 1º de janeiro a Eduardo Paes (MDB, centro-direita), que o derrotou em novembro por quase 30 pontos percentuais (64% a 36%). A breve transição ficará a cargo do presidente da Câmara Municipal, Jorge Felipe (DEM, centro-direita).
Durante o mandato, Crivella, de 63 anos, foi objeto de várias tentativas de processos de impeachment por sua má gestão.