O primeiro-ministro armênio, Nikol Pachinian, anunciou neste domingo (25) sua renúncia ao cargo, mas continuará a exercer suas funções de forma interina até as eleições legislativas antecipadas de junho, que visam tirar o país da crise política
O primeiro-ministro armênio, Nikol Pachinian, anunciou neste domingo (25) sua renúncia ao cargo, mas continuará a exercer suas funções de forma interina até as eleições legislativas antecipadas de junho, que visam tirar o país da crise política.
"Estou renunciando hoje ao meu cargo de primeiro-ministro" antes das eleições, anunciou o chefe de Governo, de 45 anos, em sua página no Facebook.
"Devolvo aos cidadãos da Armênia o poder que me deram para que possam decidir o destino do governo em eleições livres e justas", explicou este ex-jornalista que foi levado ao poder por uma revolução pacífica em 2018.
Ex-república soviética muito pobre, a Armênia está em um impasse político desde sua dolorosa derrota no conflito contra o Azerbaijão em 2020 pelo controle do enclave de Nagorno-Karabakh.
A oposição exige há meses a saída de Pachinian, a quem denuncia como "traidor" por ter aceitado um cessar-fogo considerado humilhante para o país.
Após este anúncio, todos os membros de seu governo apresentaram suas demissões, conforme exigido pela lei na Armênia.
O primeiro-ministro, no entanto, indicou que continuaria a exercer suas funções até as legislativas de 20 de junho.
Seu anúncio é feito um dia após o reconhecimento do genocídio armênio, cujo 106º aniversário foi comemorado no sábado na Armênia, por Joe Biden, que se tornou o primeiro presidente dos Estados Unidos a descrever assim a morte de um milhão e meio de armênios pelo Império Otomano a partir de 1915.
Saudada pela Armênia, esta decisão de Biden foi fortemente denunciada pela Turquia, aliada inabalável do Azerbaijão.
Nikol Pachinian foi muito criticado por ter assinado em novembro o acordo de cessar-fogo com o Azerbaijão, muito desfavorável ao seu país.
O texto foi negociado sob mediação da Rússia quando a situação era catastrófica para a Armênia, encurralada e forçada a recuar em várias frentes enquanto o exército azerbaijano ameaçava a capital de Nagorno-Karabakh.
A derrota marcou profundamente os armênios, vitoriosos em um primeiro conflito logo após a queda da União Soviética. A Rússia, que patrocinou o acordo de cessação das hostilidades, enviou tropas de manutenção da paz para Nagorno-Karabakh.
Os combates deixaram quase 6.000 mortos em ambos os lados.
Chegando ao poder denunciando a corrupção das elites pós-soviéticas, Pachinian, um opositor histórico que passou pela prisão, recebeu ainda mais críticas no final de fevereiro ao decidir demitir vários oficiais militares, acusando-os de quererem instigar um golpe de Estado.
Após várias manifestações de ambos os lados, o governo e a oposição concordaram em organizar eleições legislativas antecipadas em 20 de junho.
O partido do Contrato Civil de Nikol Pachinian "pode não receber os mais de 50% dos votos necessários para formar um novo gabinete de ministros, mas pode manter a maioria parlamentar na coalizão" com outros partidos, comentou à AFP o analista político Stepan Grigorian.