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Principal partido birmanês acusa junta militar de saquear sua sede

O principal partido birmanês, afastado do poder por um golpe de Estado, acusou a junta militar nesta terça-feira (9) de ter atacado e saqueado sua sede, enquanto a ONU condenou o uso "desproporcional" de força contra os manifestantes

AFP
09/02/2021 às 20:44.
Atualizado em 23/03/2022 às 20:44

O principal partido birmanês, afastado do poder por um golpe de Estado, acusou a junta militar nesta terça-feira (9) de ter atacado e saqueado sua sede, enquanto a ONU condenou o uso "desproporcional" de força contra os manifestantes.

"A ditadura militar atacou e destruiu a sede da NLD (Liga Nacional pela Democracia) por volta das 21h30 locais (12h de Brasília)", informou o partido em sua página no Facebook, sem maiores detalhes.

O LND é o partido de Aung San Suu Kyi, que está detida pelo novo regime desde o golpe de 1º de fevereiro.

Centenas de milhares de birmaneses foram às ruas para desafiar a junta, em um país com um longo passado de um rígido controle militar.

Os militares vêm intensificando sua repressão, e nesta terça-feira, as forças de ordem usaram indiscriminadamente balas de borracha, gás lacrimogêneo e água pressurizada, deixando pelo menos duas pessoas gravemente feridas.

Na capital, Naipidau, os policiais atiraram "para cima como um aviso e depois usaram balas de borracha contra os manifestantes", disse um morador da cidade à AFP.

No entanto, um médico de um hospital da cidade falou em anonimato: "Acreditamos que foram balas de verdade, por causa dos ferimentos" de dois manifestantes, de 23 e 19 anos.

"Eles atiraram em meu filho que tentava usar um megafone para pedir às pessoas que se manifestassem pacificamente", explicou Tun Wai, um ourives de 56 anos. "Estou muito preocupado".

Ambos os manifestantes estão em estado crítico, de acordo com fontes médicas.

A polícia utilizou jatos de água para dispersar um pequeno grupo de manifestantes que, diante da barreira das forças de segurança, gritavam: "Parem a ditadura militar", segundo imagens transmitidas ao vivo na televisão.

Em Mandalay, segunda maior cidade do país, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão que protestava contra o golpe, informaram testemunhas à AFP.

"Usaram gás contra os manifestantes que exibiam bandeiras da Liga Nacional pela Democracia (LND)", o partido de Aung San Suu Kyi, deposta após o golpe, afirmou uma moradora da cidade. A fonte disse ainda que habitantes das proximidades ajudaram os manifestantes com água.

A maioria dos manifestantes usa vermelho, a cor do LDN, pedindo a libertação de Aung San Suu Kyi e realizando o agora emblemático aceno de mãos com três dedos para cima, em sinal de resistência, diante dos militares.

"O uso de força desproporcional contra os manifestantes é inaceitável", disse Ola Almgren, coordenador residente da ONU na Birmânia, em um comunicado.

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