INTERNACIONAL

Prisão de ex-presidente Áñez reacende protestos e tensões políticas na Bolívia

A prisão da ex-presidente interina da Bolívia, a direitista Jeanine Áñez, pelo suposto golpe contra o ex-presidente de esquerda Evo Morales em 2019, aumentou a tensão política com a convocação dos primeiros grandes protestos nesta segunda-feira(15) em Santa Cruz, capital econômica e reduto da oposição

AFP
15/03/2021 às 17:55.
Atualizado em 22/03/2022 às 08:59

A prisão da ex-presidente interina da Bolívia, a direitista Jeanine Áñez, pelo suposto golpe contra o ex-presidente de esquerda Evo Morales em 2019, aumentou a tensão política com a convocação dos primeiros grandes protestos nesta segunda-feira(15) em Santa Cruz, capital econômica e reduto da oposição.

Stello Cochamanidi, segundo vice-presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz, um poderoso conglomerado empresarial civil de direita que nasceu na região mais próspera da Bolívia, esperava um grande fluxo de pessoas em uma concentração na Praça Cristo Redentor, local emblemático do movimento de esquerda de Evo Morales (2006-2019).

"Esperamos que todas as pessoas compareçam, porque esta luta continua sendo de todos nós, estamos todos em risco. Se eles não respeitaram um presidente constitucional, pior para nós", disse Cochamanidi aos jornalistas.

Áñez, de 53 anos, foi presa no sábado na cidade de Trinidad, capital do departamento amazônico de Beni (nordeste) e no domingo um juiz determinou sua prisão preventiva por quatro meses, tempo que o Ministério Público usará para acumular mais provas.

"Me enviam para quatro meses de detenção para esperar o julgamento por um "golpe" que nunca aconteceu", tuitou Áñez, que foi transferida para uma prisão feminina em La Paz.

A prisão de Áñez e de dois de seus ministros, Álvaro Coímbra e Rodrigo Guzmán, foi rejeitada pela oposição enquanto a comunidade internacional pedia um processo transparente e legal.

Os opositores querem impedir que as prisões continuem. A promotoria também emitiu mandados de prisão na última sexta-feira contra os ex-ministros Yerko Núñez (Presidência), Arturo Murillo (Interior) e Fernando López (Defesa), ex-militares e ex-chefes de polícia e outros civis.

Por enquanto, não há mandado de prisão contra o influente governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, figura central na denúncia da ex-parlamentar do Movimento ao Socialismo (MAS) Lidia Patty que motivou as prisões por suposta conspiração, sedição e terrorismo para realizar um suposto golpe entre outubro e novembro de 2019.

Em 2019, Camacho, empresário de 42 anos e ex-líder do Comitê Cívico, promoveu protestos em Santa Cruz que se espalharam por todo o país, após as eleições de outubro daquele ano, denunciadas como fraudulentas em favor do presidente indígena.

O presidente do Comité Cívico de Santa Cruz, Rómulo Calvo, disse que a manifestação desta segunda-feira pretende desmontar a versão do governo de que "houve um golpe".

Comitês civis em outras cidades convocaram manifestações semelhantes, de acordo com apelos divulgados nas redes sociais.

Ativistas da oposição se organizaram para manter a vigilância na casa de Camacho, que ganhou destaque durante os protestos contra Morales quando disse que se mudaria de Santa Cruz para La Paz com a Bíblia na mão direita e com a carta de renúncia de Morales na esquerda.

No dia da renúncia de Morales, em 10 de novembro, ele entrou no Palácio e colocou uma Bíblia sobre uma bandeira boliviana, enquanto La Paz era tomada por confrontos ferozes nas ruas.

Camacho concorreu à presidência nas eleições de outubro, mas obteve um péssimo terceiro lugar, com 14% atrás do presidente Arce e do centrista Carlos Mesa.

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