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Prisão e exílio: sindicalistas petroleiros são perseguidos na Venezuela

Terrorismo, divulgação de informação confidencial e incitação ao ódio foram acusações comuns durante uma onda de prisões de sindicalistas petroleiros nos últimos meses na Venezuela, onde a produção de petróleo marca níveis mínimos em décadas

AFP
21/12/2020 às 11:08.
Atualizado em 23/03/2022 às 23:55

Terrorismo, divulgação de informação confidencial e incitação ao ódio foram acusações comuns durante uma onda de prisões de sindicalistas petroleiros nos últimos meses na Venezuela, onde a produção de petróleo marca níveis mínimos em décadas.

"A ideia é neutralizar pela força o movimento sindical petroleiro", comentou o diretor da Federação Unitária de Trabalhadores Petroleiros da Venezuela (FUTPV), Iván Freites, que no sábado anunciou nas redes sociais seu exílio em Bogotá, Colômbia.

Em conversa com a AFP via WhatsApp, este sindicalista de 57 anos acusou o governo do presidente Nicolás Maduro de "uma política de perseguição", em meio à pior crise da história moderna do país, com hiperinflação e sete anos consecutivos de recessão.

Em 18 de novembro, em Puerto La Cruz (leste), funcionários da Direção de Contrainteligência Militar (DGCIM) prenderam outro porta-voz dos trabalhadores petroleiros, Eudis Girot. Ele é acusado de revelar informação secreta e de terrorismo.

Quatro dias antes, Guillermo Zárraga, companheiro de Freites no complexo da refinaria de Paraguaná, o maior da Venezuela, no Falcón (noroeste), foi preso após uma explosão que o governo socialista vinculou a um "ataque terrorista".

No entanto, líderes sindicais afirmam que a explosão ocorreu por falhas nas operações para reativar essas instalações, em meio a uma grave escassez de gasolina.

Em 28 de janeiro, a militar Guarda Nacional prendeu os sindicalistas Marcos Sabariego e Gil Mujica durante uma assembleia de trabalhadores em uma das principais refinarias do país, El Palito, no estado de Carabobo (centro-norte).

E, em 6 de maio, a DGCIM prendeu Bartolo Guerra em Puerto La Cruz, no estado Anzoátegui (nordeste), depois de discutir com as autoridades do PDV Marina, filial da estatal PDVSA encarregada do transporte marítimo de hidrocarbonetos, à qual pertencia.

A Venezuela, que há 12 anos produzia 3,2 milhões de barris diários, agora põe apenas 400.000 no mercado, segundo a Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

Sua oferta, que já estava em queda livre em meio a denúncias de má gestão e de corrupção bilionária, terminou de colapsar com as sanções dos Estados Unidos contra o país para tentar forçar a renúncia de Maduro.

Neste contexto, os salários dos operários e técnicos da PVDSA - antes invejados, mas agora diluídos pela inflação e pela desvalorização da moeda local - variam entre US$ 3 e US$ 10 por mês.

Empresas mistas de capital estatal e privado pagam bônus extras que chegam a 300 dólares. São benefícios que não cobrem, porém, o total da enorme folha de pagamento da indústria de petróleo venezuelana. Na era chavista, o quadro de funcionários chegou a 150.000, um número reduzido pela metade, devido à evasão pela baixa renda.

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