Um procurador turco pediu nesta quarta-feira (17) ao Tribunal Constitucional a proibição do principal partido pró-curdo, repudiado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan, que o acusa de atividades "terroristas"
Um procurador turco pediu nesta quarta-feira (17) ao Tribunal Constitucional a proibição do principal partido pró-curdo, repudiado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan, que o acusa de atividades "terroristas".
De acordo com a agência de notícias estatal Anadolu, o procurador encaminhou uma denúncia à mais alta corte, pedindo a abertura do processo para banir o Partido Democrático dos Povos (HDP), terceiro grupo político do país.
Em nota, o partido denunciou um "golpe político" e acusou Erdogan de tentar silenciá-lo antes das próximas eleições.
"Apelamos a todas as forças democráticas, todas as forças da oposição social e política e ao nosso povo para lutarem juntos contra este golpe político", disseram os copresidentes do HDP Pervin Buldan e Mithat Sancar.
Segundo partido de oposição com maior representação no Parlamento, o HDP, que rejeita as acusações de Erdogan e denuncia sua tendência autoritária, enfrenta uma repressão implacável desde 2016, quando seu carismático líder, Selahattin Demirtas, foi preso.
O HD Pacusou Erdogan nesta quarta-feira de "usar a justiça" para "refazer o cenário político", a dois anos das eleições legislativas e presidenciais que devem ser difíceis para o governo em um contexto de dificuldades econômicas.
O pedido de fechamento do HDP pode aumentar a preocupação dos países ocidentais sobre o Estado de Direito na Turquia, em um momento em que Ancara tenta apaziguar suas tensas relações com os Estados Unidos e a Europa.
O Tribunal Constitucional ainda deve admitir a denúncia, antes que se possa marcar a data do julgamento.
O anúncio vem após várias semanas de ataques verbais contra o HDP por Erdogan e seu parceiro informal de coalizão, o Partido de Ação Nacionalista (MHP), de extrema direita.
Em sua denúncia, o procurador afirma que o HDP "atua como uma extensão" do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), grupo que trava uma guerrilha sangrenta na Turquia e é descrito como "terrorista" por Ancara e seus aliados.
"Os membros do HDP se empenham, com suas declarações e ações, em destruir a união indivisível entre o Estado e a nação", diz o procurador, segundo a Anadolu.
O procurador também solicitou que 600 integrantes do HDP fossem proibidos de exercer funções políticas, medida que aparentemente buscaria impedi-los de formar um novo partido em caso de interdição, como haviam previsto os líderes partidários.
Erdogan acusa o HDP de ser a "vitrine política" do PKK.
As críticas ao HDP se intensificaram após o fracasso da intervenção militar turca para resgatar 13 reféns do PKK no Iraque, que terminou com a morte de todos os prisioneiros em meados de fevereiro.