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Procuradoria da Venezuela investiga denúncia de execuções na fronteira com a Colômbia

O procurador-geral da Venezuela informou nesta sexta-feira (26) que abriu uma investigação após uma denúncia em uma cidade na fronteira com a Colômbia de que cinco camponeses teriam sido executados pela polícia e feitos passar por guerrilheiros

AFP
27/03/2021 às 04:44.
Atualizado em 22/03/2022 às 04:29

O procurador-geral da Venezuela informou nesta sexta-feira (26) que abriu uma investigação após uma denúncia em uma cidade na fronteira com a Colômbia de que cinco camponeses teriam sido executados pela polícia e feitos passar por guerrilheiros.

Raiza Remolina denunciou que seus parentes foram detidos e mortos pelo grupo de elite da polícia (FAES) em La Victoria (estado de Apure, oeste), onde o governo registra confrontos militares com supostos grupos irregulares.

"Eles levaram membros da minha família", "que apareceram deitados no campo como se fossem de grupos criminosos", denunciou Remolina em um vídeo transmitido nas redes sociais, que foi ecoado por organizações de direitos humanos como a Provea.

"Eles foram vilmente assassinados ontem, 25 de março", disse ela. "Eles eram pessoas inocentes que não tinham nada a ver com grupos irregulares, (eles eram) pessoas que estavam engajadas no trabalho de campo".

Os cadáveres de quatro pessoas - aparentemente parentes de Remolina - foram encontrados em uma clareira, alguns próximos a uma granada e outros a uma arma de fogo, segundo fotos às quais a AFP teve acesso.

O procurador-geral, Tarek Saab, nomeou dois promotores para investigar os eventos em La Victoria.

"Se forem encontradas evidências da prática de atos puníveis cometidos por oficiais de segurança do Estado, a investigação e a sanção correspondente terão início", escreveu Saab no Twitter, embora sem se referir diretamente aos assassinatos.

"As ações (do governo) darão maior transparência a tudo o que acontece no sul do estado de Apure", escreveu pouco depois o ministro da Defesa, Vladimir Padrino, argumentando que os confrontos correspondem a uma ofensiva contra um "grupo irregular" na Colômbia.

A execução "é uma prática muito comum da FAES", explicou à AFP Marino Alvarado, da Provea.

A Força de Ações Especiais é uma temida divisão da Polícia Nacional, alvo de múltiplas denúncias de execuções extrajudiciais e outras violações dos direitos humanos.

A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, já pediu a dissolução deste órgão.

"Meus parentes foram expulsos por grupos do FAES" que estavam "checando todas as casas de La Victoria: entraram nas casas, supostamente à procura de guerrilheiros", denunciou Remolina.

Alvarado indicou que a Provea recebeu queixas desde domingo de 30 camponeses detidos, dos quais dois foram libertados.

"Até agora não se sabe onde eles estão, se foram soltos ou se compareceram diante de um tribunal", explicou. "Esperamos que a denúncia seja apurada" e que "não aja simulação de justiça".

Carlos Valdés, ex-diretor de medicina legal da Colômbia, disse que as fotos comprovam irregularidades.

Em uma delas, em que o corpo aparece ao lado de uma granada, o especialista identificou uma mancha nas costas que "é evidência de que foi arrastado" e uma fratura no úmero "provocada em vida" que impediria a capacidade de aperto.

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