INTERNACIONAL

Professora universitária dos EUA confessa que fingiu ter origens negras

Uma professora norte-americana que se identificava como negra admitiu ter mentido sobre suas origens, uma confissão com graves consequências em um país com fortes tensões raciais e onde a apropriação cultural é bastante denunciada

AFP
04/09/2020 às 17:15.
Atualizado em 25/03/2022 às 08:45

Uma professora norte-americana que se identificava como negra admitiu ter mentido sobre suas origens, uma confissão com graves consequências em um país com fortes tensões raciais e onde a apropriação cultural é bastante denunciada.

Em uma publicação na plataforma Medium, Jessica Krug, professora de história da prestigiosa George Washington University, em Washington, assumiu a farsa que manteve durante "a maior parte" de sua vida adulta.

"Eu escondi meu passado como uma garota judia branca dos subúrbios de Kansas City para tirar proveito de várias identidades negras que eu não tinha o direito de reivindicar: primeiro como negra do Norte da África, depois afro-americana e, por fim, negra do Bronx, de origem caribenha", escreveu ela, uma mulher de pele clara.

Essas mentiras representam "uma síntese da violência, roubo e apropriação, das inúmeras maneiras pelas quais os não negros continuam a usar e abusar das identidades e culturas negras", escreveu Krug, chamando a si mesma de "sanguessuga cultural".

Uma de suas ex-alunas contou à CNN que a professora dizia aos estudantes que tinha orgulho de sua origem no Bronx. Também segundo a emissora, Krug, que dava aulas sobre história africana e colonial, lia em voz alta a palavra "nigger", um termo considerado ofensivo especialmente quando usado por pessoas não negras.

Além disso, segundo sua ex-aluna, ela muitas vezes reivindicava artistas negros e indígenas e fazia palestras sobre temas como as populações indígenas do Chile. A professora usava ainda muitos termos em espanhol, que em teoria vinham de suas origens porto-riquenhas.

A George Washington University anunciou que está ciente dessas revelações e avaliando a situação. O uso de símbolos identitários de comunidades às quais não se pertence, a chamada "apropriação cultural", é fortemente condenado nos EUA, em especial nos meios acadêmicos e progressistas.

Nos censos oficiais do país, no entanto, as pessoas podem se identificar com a origem étnica que desejarem.

leo/seb/ll/rsr/ic/cc

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