Contra três engenheiros

Promotor fala sobre processo da queda do anel viário

A queda da ponte sul ocorreu na manhã de 1º de julho de 2013, quando a nova viga era instalada. Com o desabamento, cinco operários morreram e outros cinco ficaram feridos

Ana Cristina Andrade
06/06/2023 às 06:57.
Atualizado em 06/06/2023 às 06:57
Três engenheiros, de acordo com o MP, respondem por desabamento seguido de morte dos cinco operários mortos em acidente na ponte (Arquivo/Gazeta de Piracicaba)

Três engenheiros, de acordo com o MP, respondem por desabamento seguido de morte dos cinco operários mortos em acidente na ponte (Arquivo/Gazeta de Piracicaba)

O processo que envolve a queda da ponte sul anel viário de Piracicaba, em 1º de julho de 2013 é movido, segundo o 11º promotor de Justiça de Piracicaba, José Eduardo Pimentel, contra três engenheiros - dois deles responsáveis pela obra (tendo um sucedido ao outro) e o coordenador da obra.

O primeiro profissional teria sido, de acordo com a tese acusatória, imprudente, imperito e negligente: desatendeu a medidas do projeto; não observou a amarração com estribos na ferragem do pino; não adotou providências para que a ferragem fosse distribuída regularmente no pino; e construiu o apoio de forma displicente, fazendo com que uma significativa porção da peça ficasse desprovida de ferragem (e, desse modo, com menor capacidade para suportar as cargas estimadas no projeto).

De acordo com o Ministério Público, o segundo engenheiro, coordenador da obra, teria violado seus deveres de cuidado em, pelo menos, duas ocasiões: foi negligente na fiscalização da obra, permitindo que o AP 04 fosse erigido com as deficiências já apontadas e explicitadas na perícia in loco.

Consta da tese que ele também foi negligente e imperito ao menosprezar a flexão anormal da ponte norte (de características semelhantes), ocorrida quando do lançamento das vigas.

O terceiro engenheiro, que passou a executar a obra a partir de dezembro de 2012, sempre segundo a tese acusatória, foi negligente e imperito, porque também desprezou a flexão de estimados 60 cm da ponte norte, ocorrida dias antes, no trabalho de lançamento de vigas, subestimando a ocorrência.
Na reportagem divulgada pela Gazeta no último domingo (4), página 7, e conforme o laudo pericial, traz informações sobre o balanço da ponte norte.

Acusação
Os três, de acordo com o promotor, respondem por desabamento com resultado morte (artigo 256 combinado com o artigo 258 do Código Penal). Segundo Pimentel foram ouvidas, ao todo, 13 testemunhas, sendo seis delas arroladas pela acusação.

Os réus já foram interrogados (em maio) e o processo está em fase de diligências, a pedido da Defesa.

O acidente
A queda da ponte sul ocorreu na manhã de 1º de julho de 2013, quando a nova viga era instalada. Com o desabamento, cinco operários morreram e outros cinco ficaram feridos.
Três dias depois foi resgatado o primeiro corpo e no dia 16 de julho foi retirado o último corpo das águas do rio Piracicaba. Foi realizado o trabalho de perícia e durante algum tempo a obra foi embargada.

No momento, a Justiça aguarda o encerramento da fase de levantamento de provas para dar continuidade ao processo e, se for o caso, marcar o julgamento. 

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