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Proteger populações, economia e diplomacia: o desafio dos Estados frente ao coronavírus

Os governos do mundo inteiro tentam reagir à propagação do coronavírus, mas cada um adota respostas divergentes e unilaterais, que oscilam entre a eficácia sanitária, a preservação da economia e interesses diplomáticos

AFP
12/03/2020 às 14:06.
Atualizado em 07/04/2022 às 00:35

Os governos do mundo inteiro tentam reagir à propagação do coronavírus, mas cada um adota respostas divergentes e unilaterais, que oscilam entre a eficácia sanitária, a preservação da economia e interesses diplomáticos.

Previsões de crescimento mundial em queda, mercados financeiros no vermelho: o novo coronavírus obriga os governos do mundo todo a buscar um equilíbrio entre proteger suas populações e evitar a crise.

"China e Itália escolheram privilegiar o ponto de vista sanitário. Mas o equilíbrio econômico é uma coisa extremamente importante e nós o subestimamos", observa Anne-Marie Moulin, médica, filósofa e diretora de pesquisa do CNRS.

"A questão que se coloca agora é a extensão da recessão. Quando se congela uma economia, nunca se sabe quando ela vai se recuperar", afirma a analista econômica Juliette Declercq, fundadora da consultoria JDI Research, de Londres.

O caos em relação à organização dos eventos esportivos é um exemplo flagrante da pressão que pesa sobre as autoridades.

Em meio aos cancelamentos em série dos eventos esportivos, os jogos da lucrativa Liga dos Campeões ou o Grande Prêmio da Austrália de Fórmula 1 ainda estão mantidos e, até o momento, parece estar excluída a hipótese de não realização dos Jogos Olímpicos, em Tóquio, ou do Campeonato europeu.

"A realização dos eventos a portas fechadas é a menos pior das opções. Tem um aspecto de ópio do povo com o esporte. Mas, se isso começa a atingir os atores em campo, isso pode mudar o jogo", afirma Vincent Chaudel, fundador do Observatoire du Sport Business.

Para além dos interesses econômicos, em tempos de pandemia, a diplomacia também fica por um fio.

No mundo do livre-comércio de 2020, a tentação de medidas protecionistas e de se fechar é grande, frente à ameaça de um vírus.

Por trás da unidade de fachada da União Europeia (UE), que prometeu agir de maneira coordenada para salvar sua economia, as respostas continuam a diferir, segundo os Estados.

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, condenou "a lentidão e a complacência" dos governos, "em particular na zona do euro".

No momento em que as máscaras e o álcool em gel somem das prateleiras, alguns países, como Alemanha ou França, proibiram, por exemplo, a exportação de material médico de proteção.

Já a Eslovênia decidiu fechar completamente sua fronteira com a Itália, enquanto a Eslováquia proibiu a entrada de estrangeiros, à exceção dos vizinhos poloneses.

Como proteger sua população sem irritar seus parceiros?

Talvez essa tenha sido, no início da epidemia, uma questão para o Irã, que demorou para tomar medidas em relação aos viajantes chineses.

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