INTERNACIONAL

Putin propõe prolongar por um ano e 'sem condições' tratado nuclear Novo Start

O presidente russo, Vladimir Putin, optou nesta sexta-feira (16) por uma extensão de um ano "sem condições" do tratado de desarmamento nuclear russo-americano Novo Start, três dias depois de uma proposta dos Estados Unidos que Moscou considera inaceitável

AFP
16/10/2020 às 14:49.
Atualizado em 24/03/2022 às 10:41

O presidente russo, Vladimir Putin, optou nesta sexta-feira (16) por uma extensão de um ano "sem condições" do tratado de desarmamento nuclear russo-americano Novo Start, três dias depois de uma proposta dos Estados Unidos que Moscou considera inaceitável.

Este grande acordo bilateral que rege parte dos arsenais dos dois adversários geopolíticos expira no início de 2021.

Negociado na época dos presidentes Barack Obama e Dmitry Medvedev, seu desaparecimento suscita temores do ressurgimento de uma corrida armamentista e do colapso das relações entre os dois gigantes em um setor altamente sensível.

Durante uma reunião de seu Conselho de Segurança, Putin propôs "estender o acordo atual sem condições por pelo menos um ano, a fim de ter a possibilidade de realizar negociações intensivas" sobre um tratado para substituí-lo. Isso adiaria a validade do acordo até fevereiro de 2022.

Os Estados Unidos, no entanto, concideram a proposta russa "inaceitável".

"Os Estados Unidos propuseram uma extensão do Novo START por um ano, em troca da Rússia e dos Estados Unidos limitarem todas as ogivas nucleares durante esse período", afirmou o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Robert O"Brien, no Twitter.

"A resposta do presidente russo hoje para estender o Novo START sem congelar as ogivas nucleares é inaceitável", acrescentou.

O tratado bilateral Novo Start, concluído em 2010, mantém os arsenais dos dois países bem abaixo do nível da Guerra Fria, limitando o número de lançadores nucleares estratégicos a 700, e o número de ogivas nucleares, a 1.550.

De acordo com o último relatório do Instituto Internacional de Estocolmo para Pesquisas para a Paz (SIPRI), Rússia e Estados Unidos ainda possuem mais de 90% das armas nucleares do mundo.

Durante meses, Washington e Moscou negociaram intensamente para encontrar uma base de entendimento.

Na ausência de avanços e com o fim do atual mandato do presidente Donald Trump se aproximando, o negociador americano no tema, Marshall Billingslea, propôs a Moscou prorrogar o tratado "por um tempo", desde que a Rússia concorde em "congelar" seu arsenal nuclear.

Esse congelamento foi imediatamente considerado "inaceitável" pelo negociador russo, o vice-chanceler Sergei Riabkov, já que, para Moscou, o acordo deve ser prolongado sem condições.

Durante o encontro com Putin, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, chegou a falar a favor da simples e pura extensão do atual acordo por cinco anos.

Ele está disposto, porém, a negociar um novo documento e afirma ter transmitido propostas concretas a Washington.

Na sexta-feira, Putin disse que seria "muito lamentável", se o tratado chegasse ao fim sem ser substituído e saudou um acordo que, em sua opinião, tornou possível "limitar a corrida armamentista".

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