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Putin triunfa em referendo que lhe permitirá estender mandato até 2036

O presidente russo, Vladimir Putin, agradeceu nesta quinta-feira à população pela votação em massa a favor de emendas à Constituição que abrem caminho para que ele permaneça no poder até 2036, um resultado criticado pela oposição e os países ocidentais

AFP
02/07/2020 às 20:04.
Atualizado em 26/03/2022 às 21:35

O presidente russo, Vladimir Putin, agradeceu nesta quinta-feira à população pela votação em massa a favor de emendas à Constituição que abrem caminho para que ele permaneça no poder até 2036, um resultado criticado pela oposição e os países ocidentais.

A Comissão Eleitoral Central da Rússia anunciou na madrugada de hoje que 77,92% dos eleitores apoiaram as reformas constitucionais, que permitiriam a Putin, há duas décadas no poder, candidatar-se a mandatos adicionais após o fim do atual, de seis anos, em 2024.

"Muito obrigado por seu apoio e confiança", disse o presidente em pronunciamento na TV, durante o qual advertiu que a Rússia moderna ainda está em processo de formação. "Passou pouco tempo desde a desintegração da União Soviética. Precisamos de estabilidade interna e tempo para fortalecer o país e suas instituições."

Os russos começaram a votar na semana passada sobre o pacote de mudanças constitucionais proposto por Putin no começo do ano, que inclui o restabelecimento dos limites do mandato presidencial. Outras emendas fortalecem os poderes presidenciais e legislativos, consagram a proibição do casamento gay e garantem melhores salários mínimos e pensões.

O Kremlin fez de tudo para aumentar a participação eleitoral, instalando mesas de votação improvisadas em todo o país, inclusive em ônibus, barracas de campanha e bancos de rua, que foram ridicularizadas nas redes sociais.

O resultado a favor das reformas gerou críticas nos Estados Unidos, que expressaram preocupação com "informações sobre tentativas do governo russo de manipular a votação", enquanto a União Europeia pediu à Rússia que investigue relatórios apontando "irregularidades".

O principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, chamou a votação de "enorme mentira" e pediu a seus apoiadores uma mobilização nas eleições regionais de setembro.

- "Um triunfo" -

A votação deveria ter acontecido em abril, mas foi adiada devido à pandemia de coronavírus. Para evitar um excesso de fluxo nas zonas eleitorais e não afetar a participação, a consulta aconteceu de 25 de junho a 1° de julho.

Putin reprogramou a jornada eleitoral para que acontecesse uma semana após as comemorações em massa relacionadas à Segunda Guerra Mundial em todo o país, que, segundo analistas, eram importantes para o Kremlin, que desejava despertar o sentimento patriótico antes da votação.

Os índices de aprovação de Putin caíram ao mínimo histórico de 59% nos últimos meses, em parte devido à condução da pandemia pelo governo, mas também devido ao mal-estar econômico de longa data.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, considerou o resultado um "triunfo": "De fato, aconteceu um referendo triunfal de confiança em relação ao presidente Putin."

O resultado do referendo era visto por muitos como inevitável, uma vez que as reformas já haviam sido aprovadas pelo Poder Legislativo no começo do ano e cópias da nova Constituição estavam à venda nas livrarias semanas antes da votação.

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