R$ 18 milhões/ano

Queda de produtividade da cana em 30% justifica fechamento da Santa Helena

Raízen anunciou na segunda a assinatura com a Shell um contrato de comercialização de etanol celulósico até 2037. O acordo prevê a entrega de 3,3 bilhões de litros do produto.

Romualdo Cruz Filho
08/11/2022 às 06:54.
Atualizado em 08/11/2022 às 06:55

Raízen informou que irá construir mais cinco plantas de etanol de segunda geração (E2G) (Christiano Dihel Neto/Gazeta de Piracicaba)

O fechamento da Usina Santa Helena significa que cerca de 2 milhões de toneladas de cana por ano, produzidos na região, até então direcionadas à unidade de Rio das Pedras, deverão ser escoadas para outras matrizes produtivas, como Usina Costa Pinto, Rafard e São Francisco. 

De acordo com Arnaldo Botoletto, presidente da Cooperativa dos Plantadores de Cana (Coplacana), esse remanejamento está se dando em função da queda de produtividade da cana, nos últimos anos, na ordem de 30%, que deixou praticamente todas as unidades da região ociosas, seja em decorrência da estiagem ou fatores tecnológicos.

Somente a Usina Santa Helena, portanto, deixava de moer 600 mil toneladas por ano, o que corresponde a R$ 18 milhão por ano em faturamento perdido, tanto pela usina, que operava com ociosidade e também plantava, como pelos fornecedores, com a queda de produtividade.

Na usina Costa Pinto, a perda era duplicada, uma vez que a capacidade produtiva da unidade é de cerca de 4 milhões de toneladas moídas por ano. Ou seja, a ociosidade da estrutura gerava uma perda de R$ 36 milhões/ano no sistema só no que diz respeito à receita com a produção e fornecimento da cana. 

Some-se a isso a perda nas usinas Rafard e São Francisco e se tem um desperdício expressivo de potencial decorrente do descompasso entre matéria prima fornecida e capacidade ociosa de moagem na região.

"Foi por isso que a Santa Helena teve suas atividades interrompidas e vai hibernar por dois anos. Tanto para potencializar as outras unidades como para ter esse tempo necessário para que ampliemos a produtividade da cana, considerando a mesma área existente para ela atualmente", explicou.

Nesses dois anos previstos, será necessário um trabalho rigoroso tanto das usinas como da Coplacana para que o setor tenha o crescimento que, segundo Bortoletto, só é possível com melhorias tecnológicas, preparo adequado do solo e o uso das variedades de cana que proporcionem maior produtividade. 

"Estamos trabalhando nesse sentido, para que alcancemos as condições adequadas para que o setor trabalhe novamente em sua potencialidade, s em desperdícios, e a Usina Santa Helena possa retomar suas atividades", concluiu

Perda de área

Bortoletto disse também que além da queda de produtividade em decorrência da estiagem, a mecanização ocorrida nas últimas safras fez com que muitas áreas deixassem de ser cultivadas, pela dificuldade de acesso de máquinas. Outras foram ocupadas pela soja, que demonstrou melhores resultados aos produtores.

Raízen 

Em comunicado ao mercado divulgado nesta segunda-feira, 7, a Raízen informou que irá construir mais cinco plantas de etanol de segunda geração (E2G), totalizando investimentos de R$ 6 bilhões.

Segundo a companhia, cada planta de E2G deve demorar cerca de 22 meses para ser construída, com investimento de cerca de R$ 1,2 bilhão. A companhia já possui uma planta em operação e mais três em construção, que começam a operar a partir do ano que vem.

A Raízen também anunciou assinatura com a Shell um contrato de comercialização de etanol celulósico até 2037. O acordo prevê a entrega de 3,3 bilhões de litros do produto.

O combustível será produzido pelas cinco novas plantas, que devem entrar em operação 2025 e 2027, integradas às usinas da Raízen. Com isso, a distribuidora receberá a produção pelos primeiros dez anos de operação das unidades.

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