INTERNACIONAL

Quer comer mais proteínas? Inclua gafanhotos na dieta

Uma empresa israelense aspira a ser a primeira a comercializar gafanhotos em larga escala e transformá-los em alimentos sustentáveis na Terra Santa e além

AFP
03/08/2020 às 09:14.
Atualizado em 25/03/2022 às 17:33

Uma empresa israelense aspira a ser a primeira a comercializar gafanhotos em larga escala e transformá-los em alimentos sustentáveis na Terra Santa e além. Quanto à questão de saber se os insetos ricos em proteínas são ou não kosher, a resposta não é direta.

Em um galpão que no passado servia de galinheiro, milhares de gafanhotos voam em pequenas gaiolas meticulosamente empilhadas.

Para Dror Tamir, CEO da Hargol, "os gafanhotos são a solução", garantiu à AFP durante uma visita às instalações da empresa, na parte das Colinas de Golã ocupada por Israel desde 1967 e posteriormente anexada. Quase 25.000 colonos israelenses vivem neste território.

Preocupado com o impacto do gado no meio ambiente, Tamir criou a empresa há seis anos e meio e gostaria que fosse "a primeira do mundo a produzir gafanhotos em escala comercial para fornecer uma fonte de proteína mais saudável e sustentável".

Por trás de sua ideia de fazer o maior número possível de pessoas comer esse inseto, há memórias de infância, quando ouviu histórias de gafanhotos que destruíram na década de 1950 os campos de kibutz onde foi criado. Mas, acima de tudo, lembranças de que os judeus de origem iemenita os degustavam com prazer.

Ciente de que esses insetos podem ser repulsivos, a Hargol (gafanhoto em hebraico) transforma o animal em pó para fazer barras energéticas, jujubas, fallafel (bolinhos de grão de bico) e biscoitos.

Com uma população global que pode chegar a 10 bilhões em 2050, alimentar o planeta se tornará um desafio, diz Ram Reifen, professor de nutrição da Universidade Hebraica de Jerusalém.

"O que tememos é a falta de fontes de proteína", explica à AFP, porque a pecuária, que consome muita água, será um problema crescente.

Antes de serem processados, assados ou fritos, os gafanhotos contêm mais de 70% de proteínas, mas também aminoácidos e outros nutrientes, diz Tamir.

"Eles têm tudo de bom, sem o mal", como gordura saturada e colesterol, acrescenta, e, portanto, poderiam substituir outras fontes de proteína, como a carne bovina.

Segundo ele, cerca de 2,5 bilhões de pessoas consomem insetos regularmente, principalmente gafanhotos.

"Mas quando se trata de atingir os consumidores norte-americanos e europeus, é muito difícil superar o fator "que nojo"", declara Tamir, que em breve venderá gafanhoto em pó para fazer panquecas.

Alguns produtos concebidos nas Colinas de Golã estão sujeitos a restrições de exportação porque a comunidade internacional não reconhece a soberania de Israel na região.

Os gafanhotos de Tamir são criados nas Colinas de Golã e em outros lugares da Galileia, mas o processamento acontece em outras partes de Israel, explica, permitindo que ele contorne as restrições.

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