A Raízen apresentou ontem à imprensa a área onde está sendo construída a primeira planta de produção de biometano de Piracicaba e também a primeira usina de etanol de 2ª geração – a partir do bagaço e da palha da cana, com capacidade para produzir 30 milhões de litros por ano
Etanol de 2ª geração é consumido pela Fórmula 1, sem qualquer perda de potência dos veículos e com a vantagem de ser um biocombustível (Christiano Dihel Neto/Gazeta de Piracicaba)
A Raízen apresentou ontem à imprensa a área onde está sendo construída a primeira planta de produção de biometano de Piracicaba, com capacidade para 26 milhões de metros cúbicos por ano do gás natural renovável. Serão investidos na obra R$ 300 milhões, em uma área de 300 mil metros quadrados, cuja produção já está 100% vendida antecipadamente para a Volkswagen (setor automobilístico) e Yara (setor de fertilizantes).
De acordo com Thaís Fornícola, diretora agroindustrial da Raízen, a unidade deve entrar em operação em 2023 e integra o projeto da empresa de ampliar o ciclo de produtos renováveis derivados da cana-de-açúcar, de olho na sustentabilidade, com redução expressiva da pegada de carbono, uma tendência global que tem atraído fortes investimentos industriais.
Tanto é que o biometano tem potencial para reduzir em mais de 90% as emissões diretas de gases de feito estufa, comparado aos combustíveis fósseis. Até 2030, a meta é ter 39 plantas de biogás em operação na Raízen, sendo 70% da produção a partir da vinhaça e 30%, à torta.
A planta terá dois processos separados: um abastecido por vinhaça, como matéria prima, e outro por tortas de filtro, ambas subprodutos (resíduos) da produção de álcool de 1ª e 2ª geração.
O complexo teria capacidade para abastecer 200 mil consumidores residenciais por ano. O biometano é usado como substituto do gás natural, diesel ou gás liquefeito de petróleo (GLP). O resíduo final da operação é adubo, utilizado no plantio da própria cana
Etanol de 2ª geração
Foi apresentada também durante a visita à primeira usina de etanol de 2ª geração - a partir do bagaço e da palha da cana - do país em operação, com capacidade para produzir 30 milhões de litros por ano. Pelo fato de ser um produto com menos impacto ambiental (pegada de carbono), tem atraído especialmente o mercado internacional, o que exigiu novos investimentos da Raízen em três unidades maiores em outras cidades do estado, com capacidade de 82 milhões de litros por ano, ao valor de R$ 1 bilhão cada uma. A primeira deve entrar em operação em 2023 e as outras duas em 2024.
De acordo com Thaís, a empresa quer ser a principal protagonista da mudança energética do país, saindo de uma matriz fóssil para uma matriz 100% renovável e limpa. Hoje o etanol de 2ª geração é consumido pela Fórmula 1, sem qualquer perda de potência dos veículos e com a vantagem de ser um biocombustível.
Hoje a Raízen é responsável por 16% do mercado brasileiro de etanol, mas o crescimento não pára. Por se tratar de uma cultura que se renova de cinco em cinco anos, uma das pesquisas da empresa está em aumentar a produtividade da lavoura a partir do terceiro ano. "Esse é mais um dos nossos desafios", conclui Thaís.