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Raúl Castro: o líder pragmático que deixou a sombra de Fidel

Esteve por décadas na sombra de seu irmão Fidel. Agora, Raúl Castro está se aposentando, aos 89 anos, como um líder pragmático que lançou reformas econômicas sem precedentes em Cuba, mas sai sem concluí-las e sem ceder ao princípio do partido único

AFP
19/04/2021 às 10:33.
Atualizado em 22/03/2022 às 00:24

Esteve por décadas na sombra de seu irmão Fidel. Agora, Raúl Castro está se aposentando, aos 89 anos, como um líder pragmático que lançou reformas econômicas sem precedentes em Cuba, mas sai sem concluí-las e sem ceder ao princípio do partido único.

Quando seu carismático irmão adoeceu em 2006 e lhe cedeu o poder, Raúl, acostumado a estar nos bastidores, se tornou alvo dos holofotes.

"Ele nunca tentou imitar a personalidade de seu irmão, construiu sua própria liderança, mais racional e pragmática", comentou à AFP Michael Shifter, presidente do grupo de estudos Diálogo Interamericano, com sede em Washington.

O país avançou quando ele assumiu oficialmente a Presidência, em 2008. Suspendeu as restrições a viagens ao exterior e libertou os opositores da prisão.

Também empreendeu reformas econômicas, permitindo a venda de casas, enquanto muitos passaram a trabalhar no setor privado com a proliferação de pequenos negócios.

E em 2014, surpreendeu o mundo ao anunciar o restabelecimento das relações diplomáticas com os Estados Unidos, levando a um degelo que durou apenas até 2016.

O homem reservado se aposenta deixando Miguel Díaz-Canel, de 60 anos, à frente do Partido Comunista de Cuba (PCC), o cargo mais alto do país.

Em uniforme militar, Raúl confirmou, na sexta-feira, sua aposentadoria durante o oitavo congresso do PCC.

"Enquanto eu viver estarei pronto, com o pé no estribo, para defender a pátria, a revolução e o socialismo", disse.

A vida dos irmãos Castro foi marcada pelo triunfo da revolução de 1959.

"Depois da guerra (...) prisão, exílio, qualquer uma das três coisas, são as que mais unem os homens, e a maioria de nós passou por todas as três", declarou no documentário "La Guerra Necesaria" (1980).

A origem dos Castros está em Birán, província de Holguín (leste), onde Raúl conviveu com os filhos dos trabalhadores da fazenda de seu pai, nadando em rios e em longas cavalgadas.

Com 22 anos e sem experiência militar, ele se juntou a seu irmão Fidel no ataque ao quartel de Moncada em 26 de julho de 1953. Ele ganhou fama ao arrebatar a arma de um sargento.

Depois de quase dois anos de prisão, foram para o exílio no México em 1955 para voltar a bordo do iate Granma e iniciar a guerra de Sierra Maestra, que os levou à vitória dois anos depois.

Apesar do rosto jovem e sem pelos, ao contrário de outros revolucionários "barbudos", Raúl tomou decisões difíceis. São atribuídas a ele ordens de execução de agentes da ditadura após a fuga de Fulgencio Batista.

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