INTERNACIONAL

Reabertura de economias na América Latina traz risco de novo surto da pandemia

Muitos países latino-americanos começaram a flexibilizar as medidas impostas para frear a pandemia da COVID-19 com o intuito de conter os efeitos negativos para a economia provocados pelas quarentenas, uma decisão que preocupa a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), que alertou nesta terça-feira (2) para possíveis novos surtos da doença

AFP
03/06/2020 às 16:38.
Atualizado em 27/03/2022 às 21:42

Muitos países latino-americanos começaram a flexibilizar as medidas impostas para frear a pandemia da COVID-19 com o intuito de conter os efeitos negativos para a economia provocados pelas quarentenas, uma decisão que preocupa a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), que alertou nesta terça-feira (2) para possíveis novos surtos da doença.

A América Latina é o atual epicentro da pandemia que já deixou 6,3 milhões de contagiados e cerca de 379.000 mortos em todo o mundo, desde que os primeiros casos foram registrados em dezembro na China.

"Na última semana houve 732.000 casos novos em todo o mundo e desses mais de 250.000 foram nos países latino-americanos, uma preocupação séria que deveria servir como chamado para redobrar nossos esforços", alertou Carissa Etienne, diretora da OPAS, escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, o país mais castigado da região pela pandemia, com 555.383 casos e 31.199 mortes, o estado de São Paulo retomou na segunda-feira algumas atividades, como as imobiliárias e as vendas em centros comerciais.

No Rio de Janeiro foram liberados a partir desta terça os cultos religiosos e a prática de esportes aquáticos como surfe e natação, com a obrigação de se manter o distanciamento social.

No país, com 210 milhões de habitantes, as medidas de quarentena ou desconfinamento têm sido competência dos estados e dos municípios para desgosto do presidente Jair Bolsonaro, que defende a suspensão imediata das restrições.

"A situação no Brasil é delicada e estamos muito preocupados, porque o que vimos é um aumento de casos e mortalidade na última semana", disse o diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis e Determinantes Ambientais da Saúde da OPAS, Marcos Espinal.

Outros países latino-americanos mais afetados pela pela epidemia, como o México, Peru e Equador anunciaram passos mais ou menos importantes para um desconfinamento.

"Devemos ser cuidadosos. Meu conselho é que não reabram rápido demais ou corre-se o risco de um ressurgimento da COVID-19 que poderia acabar com os avanços obtidos nos últimos meses", alertou Etienne.

A OPAS se mostrou também preocupada com a Nicarágua, onde o governo não impôs nenhuma quarentena diante da pandemia, apesar do aumento do número de casos e mortos nas últimas semanas.

No Panamá, organizações sindicais se manifestaram nesta terça por temor de uma volta dos contágios e das mortes pela COVID-19 com a suspensão da quarentena, decretada pelo presidente Laurentino Cortizo.

A Colômbia superou as mil mortes pelo novo coronavírus, com 40 novos óbitos nesta terça e quase três meses depois de reportado o primeiro contágio soma 1.009 falecidos na pandemia, informou o Ministério da Saúde em seu relatório diário.

No Peru, o ministério da Saúde informou que vai manter o uso da hidroxicloroquina como parte do tratamento para pacientes com a COVID-19, apesar de a OMS sugerir a suspensão do medicamento devido aos riscos de arritmia cardíaca.

A pressão por retomar as atividades aumenta à medida que a pandemia já provoca sérios danos à economia e o futuro parece cada vez mais desolador.

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