O governo britânico garantirá que "nenhuma empresa que se beneficie do trabalho forçado" da minoria uigur na China "possa fazer negócios no Reino Unido", disse o ministro das Relações Exteriores, Dominic Raab, nesta terça-feira (12), denunciando a "barbárie" de Pequim
O governo britânico garantirá que "nenhuma empresa que se beneficie do trabalho forçado" da minoria uigur na China "possa fazer negócios no Reino Unido", disse o ministro das Relações Exteriores, Dominic Raab, nesta terça-feira (12), denunciando a "barbárie" de Pequim.
"Prisão arbitrária, reeducação política, trabalhos forçados, tortura, esterilização forçada", listou.
"O governo fará uma revisão urgente dos controles de exportação" da região de Xinjiang na China e "qualquer empresa que se beneficiar do trabalho forçado (de uigures) será excluída das aquisições", disse ele ao Parlamento.
Anunciou também "uma série de novas medidas para enviar uma clara mensagem de que essas violações dos direitos humanos são inaceitáveis, e para proteger as empresas e órgãos públicos do Reino Unido de qualquer envolvimento ou vínculo com eles".
Essas medidas "ajudarão a garantir que nenhuma organização britânica, governo ou setor privado, deliberada ou inadvertidamente, se beneficie ou contribua para as violações dos direitos humanos contra os uigures ou outras minorias em Xinjiang", acrescentou.
Além disso, ajudarão a garantir também que "produtos resultantes de violações dos direitos humanos não acabem nas prateleiras dos supermercados onde compramos".
As relações diplomáticas entre Londres e Pequim são tensas há muito tempo devido principalmente à situação dos opositores pró-democracia em Hong Kong.
Neste contexto, o embaixador chinês na ONU, Zhang Jun, pediu nesta terça-feira ao Reino Unido "que deixe de interferir nos assuntos internos da China".
Após uma intervenção britânica sobre os uigures em uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o diplomata chinês denunciou um ataque "puramente político" e "sem fundamento" do Reino Unido.
Entre as medidas anunciadas por Raab, está "uma revisão urgente dos controles de exportações" procedentes de Xinjiang e "qualquer empresa que se beneficie dos trabalhos forçados será excluída das compras", afirmou.
Também serão elaboradas diretrizes para empresas privadas, que podem ser multadas se não conseguirem provar que suas importações de Xinjiang não estão vinculadas a trabalhos forçados e violações dos direitos humanos.
No início de janeiro, a rede de supermercados britânica Marks & Spencer se comprometeu a não usar algodão produzido nesta província nas roupas que vende, tornando-se a primeira grande empresa do país a responder ao "apelo para agir" a favor desta minoria, lançado por cerca de 300 ONGs.
Os uigures são o principal grupo étnico de Xinjiang, uma enorme região da China que faz fronteira com Afeganistão e Paquistão. Segundo especialistas e grupos de direitos humanos, pelo menos um milhão de uigures foram presos nos últimos anos em campos de reeducação política que os usam para trabalhos forçados.
O governo chinês nega as acusações e afirma que são centros de formação profissional projetados para manter a população distante da influência do islamismo, do terrorismo e do separatismo, depois de registrar uma série de atentados atribuídos aos uigures.