INTERNACIONAL

Repressão militar deixa cerca de 90 mortos em Mianmar

A repressão às manifestações pró-democracia em Mianmar deixou cerca de 90 mortos no país neste sábado, dia mais sangrento desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro e durante o qual a junta golpista desfilou seus soldados pela capital

AFP
27/03/2021 às 21:55.
Atualizado em 22/03/2022 às 03:59

A repressão às manifestações pró-democracia em Mianmar deixou cerca de 90 mortos no país neste sábado, dia mais sangrento desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro e durante o qual a junta golpista desfilou seus soldados pela capital.

"Ao menos 89 pessoas morreram até a noite", afirmou a Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos (AAPP), uma ONG que monitora o número de mortos desde o golpe. "Estamos recebendo informações sobre dezenas de mortos, incluindo crianças, centenas de feridos em 40 localidades e detenções em massa", escreveu no Twitter o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, que alertou para uma "violência impactante".

A porta-voz do organismo da ONU, Ravina Shamdasani, disse que não foi possível corroborar as informações com fontes independentes, mas que o Alto Comissariado recebeu "múltiplos relatos confiáveis". "Até o momento, os balanços de mortos oscilam entre 83 e 91, com centenas de feridos. Temos quatro relatos de crianças mortas, incluindo um bebê", afirmou.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, condenou "nos termos mais fortes" o que chamou de "massacre", e Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido também criticaram a junta. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse estar "horrorizado com o terror" espalhado pelos militares no país. Seu colega britânico, Dominic Raab, declarou que a junta havia ultrapassado "um novo limite" na repressão.

O país asiático mergulhou em uma crise profunda desde que os militares derrubaram o governo civil de Aung San Suu Kyi, o que desencadeou uma grande revolta

O dia começou com uma demonstração de força da junta militar, por ocasião do Dia das Forças Armadas. Milhares de soldados, tanques, mísseis e helicópteros passaram por uma grande avenida da capital, Naypiydaw, diante dos generais e seus escassos convidados, incluindo as delegações da Rússia e da China, países que não condenaram o golpe.

O líder da junta, o general Min Aung Hlaing, voltou a defender o golpe e citou uma suposta fraude nas eleições de novembro, vencidas pelo partido de Aung San Suu Kyi. Também prometeu ceder o poder após novas eleições.

"A democracia que desejamos seria uma democracia indisciplinada se a lei fosse violada e não fosse respeitada", disse.

A violência explodiu em todo o país durante a tarde. Em Yangon, colunas de fumaça eram observadas na antiga capital do país, que se tornou o foco das manifestações nas últimas semanas.

A partir de depoimentos e declarações de membros dos serviços de emergência, a AFP conseguiu confirmar pelo menos 25 mortes.

A região central de Mandalay foi cenário de uma onda de caos e distúrbios. As forças de segurança abriram fogo de maneira indiscriminada e em cinco cidades morreram pelo menos 10 pessoas, incluindo uma adolescente de 14 anos em Meiktila.

"Trouxeram quatro homens mortos", afirmou um funcionário do serviço de emergência em Mandalay à AFP, enquanto tentava atender dezenas de feridos.

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