INTERNACIONAL

Revolta contra o racismo ressurge nos EUA com protestos e boicotes no esporte

O caso de Jacob Blake, um cidadão negro alvejado por sete tiros à queima-roupa por um policial branco, reacendeu a fúria contra o racismo nos Estados Unidos, com novos protestos e um boicote do mundo esportivo

AFP
27/08/2020 às 20:26.
Atualizado em 25/03/2022 às 12:13

O caso de Jacob Blake, um cidadão negro alvejado por sete tiros à queima-roupa por um policial branco, reacendeu a fúria contra o racismo nos Estados Unidos, com novos protestos e um boicote do mundo esportivo.

Depois de três noites de protestos, que deixaram dois mortos na terça-feira, uma calma precária reinava em Kenosha, Wisconsin, norte do país, onde Blake foi baleado e a polícia exigiu respeito ao toque de recolher noturno.

"Agradeço a quem protestou pacificamente (na quarta-feira) e obedeceu o toque de recolher sem perder sua voz, nem o desejo de mudança diante da violência", disse o chefe de polícia de Kenosha, Daniel Miskins.

"A voz dessa gente não cai em ouvidos moucos. Escutamos o que estão dizendo", acrescentou.

Miskins falou depois de a violência ganhar as ruas de Kenosha e durante a qual um jovem de 17 anos, armado com um fuzil, matou dois manifestantes antes de ser detido.

Na quarta-feira à noite, centenas de pessoas voltaram a desafiar o toque de recolher imposto pelas autoridades e marcharam pacificamente pelas ruas desta cidade de 170.000 habitantes onde um policial deu sete tiros nas costas de Blake, de 29 anos, diante dos três filhos da vítima.

"Todo mundo está esperando que saíamos furiosos, que enlouqueceremos pela quarta noite, mas estamos fazendo um protesto pacífico como supõe-se que devemos fazer", disse à AFP Big Homie Trail, um músico que participou do protesto.

A noite foi mais caótica em Oakland, Califórnia, onde um tribunal foi atacado; e em Minneapolis, Minnesota, onde cerca de 20 estabelecimentos comerciais foram saqueados e vandalizados em meio a um rumor infundado de um novo ato de violência policial.

Essa cidade está à flor da pele desde 25 de maio, quando George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu asfixiado por um policial branco durante sua prisão. Essa morte violenta desencadeou uma onda de protestos a favor dos direitos civis sem precedentes em décadas.

O movimento havia diminuído nas últimas semanas, mas o caso de Jacob Blake reabriu as feridas. Embora tenha sobrevivido ao ataque policial, Blake corre sérios riscos de ficar paralítico, de acordo com sue advogado.

O autor dos disparos, o agente Rusten Sheskey, foi demitido, mas não foi nem detido, nem denunciado. A justiça federal anunciou uma investigação paralela à da justiça local.

As imagens dos disparos contra Blake provocaram uma mobilização sem precedentes no mundo do esporte, iniciada pelo time de basquete Milwaukee Bucks. Seus jogadores boicotearam uma partida e obrigaram a NBA a adiar vários outros jogos de quarta e quinta-feira.

A NBA espera retomar os jogos na sexta-feira ou no sábado, informou o vice-presidente da liga, Mike Bass.

"Exigimos uma mudança. Estamos fartos disso", escreveu no Twitter a estrela dos Los Angeles Lakers, LeBron James, pouco depois da decisão dos Bucks.

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