Vagas formais

RMP tem saldo positivo de empregos em agosto

A Região Metropolitana de Piracicaba (RMP) gerou 3.066 empregos com carteira assinada no mês de agosto, segundo as informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Os dados constam no boletim mensal do Observatório da RMP, desenvolvido junto à Esalq-USP

Romualdo Cruz Filho
08/10/2022 às 06:33.
Atualizado em 08/10/2022 às 06:35
A geração líquida de vagas formais vem se mostrando consistente desde o início deste ano (Marcelo Camargo/ABr)

A geração líquida de vagas formais vem se mostrando consistente desde o início deste ano (Marcelo Camargo/ABr)

A Região Metropolitana de Piracicaba (RMP) gerou 3.066 empregos formais no mês de agosto, resultado 19% inferior ao do mesmo mês do ano passado, quando foram geradas 3.768 vagas com carteira assinada, segundo as informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Esta informação consta no boletim mensal do Observatório da Região Metropolitana de Piracicaba (RMP), desenvolvido junto à Esalq-USP e coordenado pelos professores Cristiane Feltre, Eliana Terci e Carlos Eduardo Vian. Apesar desse desempenho um pouco abaixo no comparativo ao mesmo mês anterior, a geração líquida de vagas formais vem se mostrando consistente desde o início deste ano. 

O levantamento, considerando fator gênero, mostrou que os salários médios de admissão dos homens (R$ 2.177,63) foi 18% superior ao das mulheres (R$ 1.844,23) no período. As ocupações mais comuns para homens geram salários 41% superiores às das mulheres, reflexo da preponderância histórica masculina em relação a algumas profissões, como soldadores, mecânicos, pedreiros, motoristas de caminhão etc.

Nas ocupações de melhor remuneração e também as menos comuns, como cargos de gerência e direção, a diferença de salários é ainda maior. Em média, os homens foram contratados com salários 50% superiores aos das mulheres.

"Se tomarmos ainda os extremos, ou seja, as principais remunerações recebidas por homens e mulheres observam-se casos em que os homens recebem salário duas vezes maior do que o das mulheres: enquanto um gerente financeiro chega a R$20.500,00, uma engenheira civil, por exemplo, alcançou até R$10.908,00 (considerando que este foi o emprego que melhor remunerou as mulheres)", explicam os professores.

Já ocupações de mesma natureza, observam os analistas, conforme o quadro comparativo das vagas mais bem remuneradas, a discrepância se confirma, pois enquanto um gerente de departamento pessoal recebeu R$17.000,00, uma gerente de recursos humanos recebeu R$ 9.753,40. Ou seja, o salário feminino representa 57,4% do salário masculina na mesma ocupação. 

"As dificuldades encontradas por mulheres no mercado de trabalho não se resumem apenas às desigualdades de oportunidades. Em estudo realizado pelo IBGE em 2019, o nível de ocupação das mulheres com filhos de até três anos morando no mesmo domicílio era de 54,6%, enquanto daquelas que não tinham filhos era de 67,2%. Para os homens, esses percentuais eram de 89,2% e 83,4%, respectivamente. Outros agravantes se colocam como a dedicação aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas - a conhecida dupla jornada", observam os professores.

Independente do gênero, os salários médios de admissão no mês de referência foram aproximadamente 2,8% inferiores aos salários de demissão. Essa tendência de enxugamento dos salários vem persistindo também na economia brasileira, que somada aos reajustes salariais abaixo da inflação, deverá intensificar o círculo vicioso entre renda e crescimento. Pouco mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) é composto por consumo das famílias.

Com a intensificação das restrições orçamentárias, o consumo também deverá ficar limitado a produtos básicos, o que deve afetar especialmente o comércio.

Na região, os serviços foram responsáveis pela maior parte das vagas geradas (1.214), seguido da indústria (1.035). Já a agricultura gerou um saldo negativo de 97 vagas, com destaque para as demissões na produção de laranja e de cana-de-açúcar.

Observação: Os salários médios foram calculados seguindo a metodologia do Caged: Eliminados salários menores do que 0,3 salários mínimos (686 exclusões) e acima de 150 salários mínimos (34 exclusões), bem como os da categoria intermitente (280 exclusões) e não identificados (4 exclusões).

Além disso, foram excluídos outros 13 registros para os quais as remunerações eram significativamente incompatíveis com as ocupações. Ao todo foram excluídos 1017 registros, 2,8% do total de registros.

Neste boletim, dando continuidade ao trabalho iniciado no boletim anterior, são apresentados dados sobre o mercado de trabalho para homens e mulheres na região, considerando o baixo desempenho da RMP em relação ao objetivo do desenvolvimento sustentável "igualdade de gênero" divulgado pelo Instituto Cidades Sustentáveis.

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