INTERNACIONAL

Rohani acusa Israel de querer semear o 'caos' com morte de cientista iraniano

O presidente iraniano, Hassan Rohani, acusou Israel neste sábado (28) de querer semear o "caos" com o assassinato, na sexta-feira perto de Teerã, de um importante cientista do programa nuclear, um crime que segundo as autoridades de Teerã deve ser "castigado"

AFP
28/11/2020 às 15:51.
Atualizado em 24/03/2022 às 02:45

O presidente iraniano, Hassan Rohani, acusou Israel neste sábado (28) de querer semear o "caos" com o assassinato, na sexta-feira perto de Teerã, de um importante cientista do programa nuclear, um crime que segundo as autoridades de Teerã deve ser "castigado".

"Mais uma vez, as impiedosas mãos da arrogância global, com o usurpador regime sionista como mercenário, foram manchadas com o sangue de um filho desta nação", afirmou Rohani.

As autoridades iranianas utilizam a expressão "arrogância global" em referência aos Estados Unidos.

Mohsen Fakhrizadeh, 59 anos, diretor do Departamento de Pesquisa e Inovação do ministério da Defesa, foi gravemente ferido quando seu carro foi atacado por vários indivíduos, que trocaram tiros com sua equipe de segurança, e faleceu poucos minutos depois.

Neste sábado, o guia supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, pediu um "castigo" para as pessoas que estão por trás do crime e se siga adiante com "o esforço científico e técnico deste mártir em todos os âmbitos nos quais estava trabalhando".

"A nação iraniana é muito inteligente para cair na armadilha da conspiração dos sionistas. Estão pensando em criar o caos, mas deveriam saber que conhecemos suas intenções e não terão êxito", completou Rohani em um discurso exibido na televisão.

O presidente se comprometeu ainda a impedir que a morte de Fakhrizadeh prejudique os avanços científicos do país e disse que o assassinato do especialista foi motivado pela "incapacidade" dos inimigos do Irã de impedir seu desenvolvimento.

"Os inimigos do Irã deveriam saber que a coragem do povo e das autoridades iranianas é tamanha que este ato criminoso não ficará sem consequências", acrescentou.

A Alemanha alertou neste sábado para o risco de uma escalada após o assassinato do cientista e pediu às partes "que renunciem a ações que poderiam agravar a situação".

"A poucas semanas da posse de um novo governo nos Estados Unidos, precisamos conservar as margens de diálogo existentes para poder resolver com negociações o conflito pelo programa nuclear iraniano", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores em Berlim.

A Síria, aliada do Irã, considerou que se tratava "não de um simples assassinato, mas de uma ação terrorista que a comunidade internacional deve condenar", segundo o ministro das Relações Exteriores, Faisal Mekdad.

O governo do Catar afirmou em um comunicado que um assassinato deste tipo "só acrescentará lenha na fogueira em um momento em que a região e a comunidade internacional estão tentando reduzir as tensões".

O cientista assassinado havia sido apontado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, como o pai do programa iraniano que tem como objetivo produzir a bomba nuclear, intenção que o Irã sempre negou.

O Departamento de Estado americano indicou em 2008 que Fakhrizadeh executava "atividades e transações que contribuíam para o desenvolvimento do programa nuclear do Irã".

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