Milhares de soldados marcharão na Praça Vermelha na quarta-feira (24), na presença do presidente Vladimir Putin, para comemorar o 75º aniversário da vitória sobre o nazismo, em um momento de comunhão patriótica, apesar da pandemia de COVID-19 e antes de um referendo destinado a consolidar ainda mais seu poder
Milhares de soldados marcharão na Praça Vermelha na quarta-feira (24), na presença do presidente Vladimir Putin, para comemorar o 75º aniversário da vitória sobre o nazismo, em um momento de comunhão patriótica, apesar da pandemia de COVID-19 e antes de um referendo destinado a consolidar ainda mais seu poder.
Esse desfile militar estava inicialmente agendado para 9 de maio, como acontece todo o ano, mas o Kremlin foi forçado a adiá-lo, devido à disseminação do novo coronavírus.
Embora a Rússia ainda tenha milhares de novos casos diários, e Moscou, apesar de seu desconfinamento, continue proibindo reuniões públicas, Putin quer organizar esse desfile em 24 de junho. A data é simbólica, porque marca o primeiro desfile desse tipo, em 1945.
Com esse evento, uma semana antes de um referendo para permitir que ele permaneça na Presidência até 2036, Putin também transmite a impressão de uma normalidade no país.
A Rússia é o terceiro país mais afetado pelo coronavírus, com 584.680 casos registrados até domingo e 8.111 mortes. Quinze cidades preferiram cancelar seus desfiles militares.
Quase 13.000 soldados russos e de 13 outros países, incluindo Índia e China, desfilarão nas ruas de Moscou.
O presidente russo, que participará de uma das primeiras saídas públicas desde o início da pandemia, também poderá supervisionar mais de 200 veículos blindados e peças de artilharia.
O equipamento inclui modelos recentemente desenvolvidos, mas não as modernas armas hipersônicas "invencíveis", que Putin elogiou nos últimos anos.
O discurso de Putin nas edições anteriores também foi uma oportunidade para celebrar o poder russo no cenário internacional, da Síria ao conflito na Ucrânia.
Além do retorno à normalidade, o assunto do momento é o referendo de 1º de julho - originalmente programado para 22 de abril - para validar a reforma constitucional anunciada para surpresa de todos em janeiro e realizada a toda velocidade pouco antes de a COVID-19 interromper o processo.
Durante as discussões parlamentares, foram adicionados aspectos sociais, como a proibição do casamento gay, e o ponto principal: dar a Putin o direito de exercer dois mandatos adicionais e permanecer no poder até 2036, quando ele teria 84 anos.
O calendário foi criticado pela oposição, que o considerou a razão para o rápido desconfinamento de Moscou. Em apenas três semanas, a capital russa passou do confinamento total para uma reabertura quase geral.
O prefeito de Moscou, Serguei Sobianin, e o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, pediram ao público que acompanhe o desfile pela TV.
Peskov, convalescente da COVID-19, considerou que votar "não é mais perigoso do que ir às compras".
O desfile não será, porém, tão grandioso como se pretendia, já que nenhum líder ocidental estará presente.
Em um longo discurso na semana passada, Putin acusou o Ocidente de "revisionismo" histórico anti-Rússia, o que desestabiliza "os princípios do desenvolvimento pacífico" do mundo.