A Rússia anunciou nesta quarta-feira (10) que está "freando" o funcionamento do Twitter, ao acusar a plataforma de não remover conteúdos "ilegais", uma advertência inicial que ilustra a tensão crescente entre Moscou e os gigantes das redes sociais
A Rússia anunciou nesta quarta-feira (10) que está "freando" o funcionamento do Twitter, ao acusar a plataforma de não remover conteúdos "ilegais", uma advertência inicial que ilustra a tensão crescente entre Moscou e os gigantes das redes sociais.
Autoridades russas aumentaram nas últimas semanas as críticas às empresas americanas Twitter, Facebook e YouTube, assim como à plataforma chinesa Tik Tok, denunciando sua onipotência no que diz respeito à moderação de conteúdos, especialmente políticos.
Desta vez, porém, o Twitter não foi acusado por este tipo de publicação, e sim por conteúdo considerado como pornografia infantil ou de apologia às drogas e ao suicídio.
"Adotamos medidas de resposta centralizadas contra o Twitter, concretamente reduzindo a velocidade do serviço", anunciou o Roskomnadzor (Serviço Federal de Supervisão de Comunicações, Tecnologia da Informação e Meios de Comunicação), que tem o poder de bloquear sites na Rússia.
Logo esclareceu que a desaceleração se aplica a "conteúdos de áudio, vídeo e imagem gráfica", mas não a mensagens de texto, que constituem a maior parte das interações no Twitter.
O Roskomnadzor afirmou que a desaceleração "já começou". Jornalistas da AFP constataram um atraso de alguns segundos na atualização do Twitter.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que, embora os russos "devam ter a capacidade de acessar todos os recursos globais (da internet)", eles "devem respeitar a lei russa". Autoridades russas acusam a empresa americana de não eliminar conteúdos "que incitam menores ao suicídio, que contêm pornografia infantil e informações sobre o consumo de drogas". "Se o Twitter continuar ignorando os requisitos da lei, as respostas continuarão de acordo com as normas e podem chegar ao bloqueio", indicou o Roskomnadzor.
O gigante americano respondeu horas depois, negando as acusações. "Nossa política é de tolerância zero quanto à exploração sexual infantil, e é contra as regras do Twitter provover, glorificar ou incentivar o suicídio ou as autolesões."
Moscou está com as principais redes sociais em sua mira há várias semanas, com a acusação de que permitiram publicações ilegais de apoio ao opositor detido Alexei Navalny.
Em janeiro foram divulgadas convocações de manifestações, duramente reprimidas pela polícia.
Na segunda-feira, a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, acusou os gigantes da internet de "operar fora do marco legal" e de "não obedecer com frequência a nenhuma lei russa".
Um dia antes, o Facebook bloqueou textos dos meios de comunicação russos RBK e TASS sobre a detenção de supostos "extremistas" ucranianos.
As redes sociais também já bloquearam contas de várias personalidades russas, como o diretor do programa espacial Dmitry Rogozin, o líder checheno Ramzan Kadyrov e o empresário Yevgueni Prigózhin.
No fim de janeiro, o presidente Vladimir Putin afirmou no Fórum de Davos que os gigantes da internet "já competem de fato com os Estados" e citou suas "tentativas de controlar brutalmente a sociedade".