INTERNACIONAL

Rússia nega ter enviado tropas à República Centro-Africana antes das eleições

A República Centro-Africana anunciou nesta segunda-feira que Ruanda e Rússia enviaram soldados ao país após uma ofensiva de grupos armados, acusados de "tentativa de golpe de Estado" antes das eleições presidenciais e legislativas do próximo domingo

AFP
21/12/2020 às 14:30.
Atualizado em 23/03/2022 às 23:54

A República Centro-Africana anunciou nesta segunda-feira que Ruanda e Rússia enviaram soldados ao país após uma ofensiva de grupos armados, acusados de "tentativa de golpe de Estado" antes das eleições presidenciais e legislativas do próximo domingo.

No entanto, um alto diplomata russo afirmou hoje que Moscou não manda tropas para a República Centro-Africana.

"Não enviamos tropas, respeitamos todas as exigências das resoluções da ONU", afirmou Mijaíl Bogdanov, vice-ministro das Relações Exteriores russo, citado pela agência de imprensa Interfax.

No país, muito instável e marcado por uma violenta guerra civil, mais de dois terços do território estão ocupados por grupos armados.

Três grupos que estão entre os mais fortes do país atacaram na sexta-feira as principais estradas que servem para o abastecimento da capital, Bangui, depois que anunciaram uma aliança.

A manobra levou o governo centro-africano a acusar o ex-presidente François Bozizé de "tentativa de golpe de Estado" com uma "intenção manifesta de marchar com seus homens sobre Bangui durante as eleições presidenciais e legislativas de domingo, nas quais o atual presidente, Faustin Archange Touadera, é apontado como favorito.

Para apoiar o Executivo centro-africano, a "Rússia enviou centenas de soldados, como parte de um acordo bilateral de cooperação", declarou à AFP Ange Maxime Kazagui, porta-voz do governo de Bangui, sem revelar o número de militares nem a data de chegada.

Os guarda-costas do presidente da República Centro-Africana são funcionários de empresas de segurança russas, que também são responsáveis pelo treinamento das Forças Armadas do país.

Os ruandeses também enviaram centenas de homens, que já estão no terreno e começaram a combater", acrescentou Kazagui, confirmando uma informação das autoridades de Kigali.

"O envio responde aos ataques sofridos pelo contingente das Forças de Defesa do Ruanda (RDF), sob mandato da força de paz da ONU, por parte de rebeldes apoiados por François Bozizé", afirmou o ministério da Defesa de Ruanda em um comunicado.

O partido de Bozizé, no entanto, negou qualquer tentativa de golpe, enquanto o porta-voz da Missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (Minusca), Vladimir Monteiro, afirmou que os rebeldes foram bloqueados ou expulsos em várias localidades.

União Europeia, Estados Unidos, Rússia, França e Banco Mundial pediram no domingo a François Bozizé e aos grupos insurgentes que entreguem as armas.

Em Bangui, a vida prosseguia em ritmo normal, mas os moradores recordam dos horrores de 2013, quando uma coalizão de grupos armados, a Seleka, derrubou o presidente François Bozizé e matou centenas de pessoas em Bangui e em várias províncias.

A coalizão da oposição centro-africana (que François Bozizé liderou até recentemente) pediu no domingo o adiamento das eleições, mas o governo rejeita a possibilidade.

"Não cabe aos candidatos pedir a suspensão das eleições, Tribunal Constitucional e a Agência Nacional das Eleições decidem", afirmou Kazagui.

"A posição do governo é que teremos eleições. Mobilizamos grandes esforços para estas eleições, os centro-africanos querem votar", concluiu o porta-voz do Executivo.

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