Dois casos de saídas precipitadas de participantes da cúpula de líderes europeus dessas quinta e sexta-feiras (16), em Bruxelas, reacenderam o debate sobre a verdadeira necessidade de se organizar essas reuniões de forma presencial
Dois casos de saídas precipitadas de participantes da cúpula de líderes europeus dessas quinta e sexta-feiras (16), em Bruxelas, reacenderam o debate sobre a verdadeira necessidade de se organizar essas reuniões de forma presencial.
Ontem (15), foi a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, quem abandonou subitamente a cúpula para iniciar um autoisolamento devido a um caso de coronavírus em um membro de sua equipe. Nesta sexta, foi a primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, quem retornou com urgência para seu país.
Essa reunião do Conselho Europeu já havia começado sem a participação do primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, que também está em quarentena por um contato com uma pessoa contaminada com o coronavírus.
Ao desembarcar ontem em Bruxelas, a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, já deixou evidente sua insatisfação pela decisão de realizar o Conselho presencialmente.
"Essa reunião deveria ser organizada por videoconferência", disse.
Os encontros são sempre feitos respeitando-se o uso de máscara e o distanciamento social.
Desde o início da pandemia, diversas reuniões do âmbito europeu foram realizadas virtualmente, mas a cúpula de líderes, que termina nesta sexta-feira, é a terceira a ser realizada de forma presencial.
O presidente do Conselho Europeu, o belga Charles Michel, justifica a decisão afirmando que "em certos assuntos, uma presença física é indispensável para poder tomar decisões".
De acordo com Michel, o exemplo mais claro ocorreu em julho, quando os líderes discutiram durante vários dias um grande plano de reativação econômica do bloco para enfrentar a pandemia.
Na cúpula de quinta-feira, "o debate sobre o Brexit efetivamente exigia uma presença física", e vários líderes europeus defenderam essa ideia, disse Michel.
De acordo com uma fonte diplomata europeia, a defesa de uma reunião presencial esteve à cargo da alemã Angela Merkel, do espanhol Pedro Sánchez, do búlgaro Boiko Borissov, do luxemburguês Xavier Bettel e do português António Costa.
"No futuro, perceberemos os diferentes parâmetros e consultaremos as delegações sobre a melhor forma de trabalhar com esta crise", afirmou o funcionário belga.
Nesta sexta-feira, Merkel anunciou o cancelamento de uma reunião dos 27 líderes europeus prevista para 16 de novembro em Berlim, para discutir a relação com a China.
"Neste contexto de pandemia, deixamos claro que não permitiremos a realização da cúpula informal", disse.
Entre os principais problemas apontados nas reuniões virtuais, os diplomatas mencionam a confidenciabilidade das trocas de ideias e conversas.
Enquanto isso, a imprensa é mantida à margem das cúpulas desde março, e apenas vídeos e fotos funcionam no sistema de "pool". Todas as coletivas de imprensa são realizadas por videoconferência.