TRABALHADOR BRASILEIRO

Salvo pelos 'bicos' quando a crise apertou

Agora empregado, Rafael Spolidorio não quer parar

Ana Cristina Andrade
ana.andrade@gazetadepiracicaba.com.br
01/05/2016 às 12:39.
Atualizado em 27/04/2022 às 14:08
Com os 'bicos' de churrasqueiro e segurança, Rafael garante que não faltou nada em casa (Antonio Trivelin)

Com os 'bicos' de churrasqueiro e segurança, Rafael garante que não faltou nada em casa (Antonio Trivelin)

Quando a crise financeira chegou à empresa onde Rafael Spolidorio, 39 anos de idade, trabalhava, ele perdeu o emprego. Ficou oito meses enviando currículos e fazendo contatos com pessoas conhecidas, mas estava difícil para todo mundo. Como não podia parar, “arregaçou as mangas” e sai em busca de “bicos”. Com dois filhos e esposa para alimentar, procurou alguma atividade que pudesse garantir, pelo menos, a compra de alimentos e pagamentos de contas essenciais - água, luz e telefone. “Fiquei com algumas dívidas, mas fui negociando. Trabalhei como guardador de carros, confeccionei estantes de pallets e as vendi. Não era algo que supria 100% nossas necessidades, mas não deixava faltar nada em casa”, revelou. Spolidorio percebeu que a situação estava mesmo crítica quando foi obrigado a vender as alianças de casamento para pagar uma dívida. A partir daí, necessitando de algo com certa urgência, sem tempo para frequentar um curso demorado, ele começou a se oferecer para trabalhar como churrasqueiro e, em alguns finais de semana, ganhava dinheiro como segurança. “Todo homem tem espetos e facas boas de corte em casa. Era o que estava disponível. Comecei a fazer isso e fui conseguindo vários biquinhos como churrasqueiro. Comprei mais espetos, facas e fiz uns temperos. É algo que dá certo, porque muita gente que faz festa não quer ficar na churrasqueira e, sim, aproveitar para se divertir”, declarou. Segurança Rafael Spolidorio arrumou emprego como vendedor, recentemente, mas quando consegue ainda faz bico de segurança. “Teve um final de semana que comecei a trabalhar na sexta-feira e só parei no domingo à noite. Cheguei em casa muito cansado, mas não reclamo. Pelo menos, não faltou nada para minha mulher e meus filhos enquanto estive fazendo os bicos”. Para se ter ideia de quanto ele ganha fazendo bico de churrasqueiro, por exemplo, se for para assar carne para 30 pessoas, o custo é de R$ 180,00 a R$ 200,00 por cinco horas de trabalho. “Se passar da hora tem um acréscimo no valor. Por outro lado, eu levo espetos, facas e outros acessórios necessários no churrasco”. Spolidorio criou uma página no Facebook - 'Churras no Ponto' -, onde dá dicas sobre cortes de carnes e fala de outros assuntos que levam a fazer um bom churrasco.

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