Marco Antonio Bollis Gianinii com a filha Gabriela: empresário adquiriu o SIM há seis meses; sua especialidade são as carnes de origem animal (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)
Certificar alimentos de origem animal comercializados em Piracicaba, que atendam o controle de qualidade e higiene em seu processo de produção, como embutidos cárneos, pescados, queijo, ovos, mel, entre outros, é o objetivo do SIM (Serviço de Inspeção Municipal) oferecido gratuitamente pela Sema (Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento).
Apesar de não ser obrigatório, o serviço traz o aprimoramento do trabalho e a qualidade do produto. Em Piracicaba, existem apenas 13 produtores certificados neste programa, entre eles o Sam's Club, Assaí Nova América, Raj Coalhadas, Queijos Carol, Ovos Wolf, Delta etc.
Quem já faz parte do SIM na cidade se diz satisfeito. É o caso de Marco Antonio Bollis Gianni, um dos mais recentes a aderir ao selo - há apenas seis meses, de acordo com ele.
"Trabalho com carne de origem animal, suína, de carneiro e javali, com embutidos e defumados e meu forte é salames. Esse serviço abre muitas portas para quem se regulariza. Temos todo um acompanhamento técnico, uma veterinária que acompanha nosso trabalho, e com isso temos portas abertas em todos os mercados", declarou.
"Quem não tem o SIM está trabalhando na clandestinidade e ainda corre risco de ser pego, além de oferecer um produto de baixa qualidade por não ter acompanhamento adequado. Com o SIM a gente é capaz de obter produtos de qualidade e mantê-la", acrescentou.
Ricardo Zago e Raíssa Rebesco, se especializaram no ramo de coalhadas secas. O início da produção foi em casa, em 2017, e era apenas para consumo próprio. Com o tempo, de acordo com Ricardo, o casal passou a pesquisar formas de dessorar, usar o melhor leite, quem seria o melhor fornecedor de leite de Piracicaba, qual fermento usar, etc.
Com a vontade de empreender, eles acabaram abrindo uma fábrica que, atualmente, conta com 250 metros quadrados. Com a vinda do SIM, de acordo com ele, foi feita a inscrição na Sema, a Renata (veterinária) deu a assessoria explicando tudo o que era preciso fazer.
"É muito interessante porque a Renata e a Nancy apoiam muito o pequeno produtor e ajudam a entender como funciona o processo. Hoje, faz um ano que temos o SIM e é bom porque podemos mostrar para o público que temos boas práticas, que tudo está sendo inspecionado pelo órgão municipal”, ressaltou.
Isso, segundo o produtor, faz com que seja oferecido um bom produto e o cliente vai consumir algo que tem qualidade. Ricardo disse que incentiva as pessoas a irem atrás do SIM. "Com ele, a pessoa vai se tornar mais profissional, irá atrás de descobrir mais coisas e com certeza irá se tornar grande profissional porque, quem vai atrás de conhecer mais coisas, alcança o caminho do sucesso", declarou.
Cassia Wolf, representante de ovos em uma empresa familiar que está no ramo há 50 anos, contou que está há três anos no projeto do Serviço de Inspeção Municipal. "O SIM nos atraiu para divulgarmos melhor nossa marca em Piracicaba, dando ênfase ao produtor e ao distribuidor", destacou.
Na distribuição de ovos, ela foi a primeira a adquirir o SIM. "Depois que obtivemos indicamos mais dois produtores e deu certo. É um projeto legal, por termos produtos de nossa cidade sendo consumidos e com selo de qualidade".
Como funciona
Ao solicitar o SIM, a equipe técnica da Sema cuida do processo de monitoramento, inspeção e fiscalização da produção industrial e sanitária dos produtos de origem animal, analisando desde a sanidade do rebanho, o local e a higiene da industrialização que assegura ao consumidor a qualidade e a higiene no processo de produção.
De acordo com a médica veterinária Renata Liva, quando alguém trabalha com produtos de origem animal como, por exemplo, fabrica queijos, linguiças, envaza mel e tem galinhas que produzem ovos para venda ou, ainda, poissui entreposto de ovos, essa pessoa vai até a Sema e agenda uma visita.
Renata vai até o local para ver as condições sanitárias, se elas se adequam à legislação municipal, que é ligada à federal. A partir do momento em que a pessoa adquirir o Selo de Inspeção Municipal, o produto dela poderá ser comercializado sem nenhuma preocupação de riscos de contaminação, infecção alimentar, etc.
"Nós não trabalhamos com produção, nem criação animal. A gente só trabalha com quem manipula os produtos de origem animal como, por exemplo: uma pessoa que vai fazer queijo recebe o leite para esse fim. Dentro da inspeção municipal, para fazer esse queijo, ela precisa ter uma estrutura montada com 20 metros quadrados, no mínimo, o material deve ser todo em inox e é necessário ter um lava botas e lava mãos já na entrada, automáticos", explicou.
As paredes deste lugar, segundo a médica veterinária, têm que ser de azulejo. "Minha função também é verificar a origem do leite que vai ser usado na fabricação do queijo, das vacas, se elas são vacinadas, essas coisas", acrescentou Renata Liva.
Questão de saúde
A secretária municipal de Agricultura e Abastecimento, Nancy Thame reforçou que se trata de um Serviço de Inspeção Municipal prestado pela Sema, em parceria com a Vigilância Sanitária e que está ligada à saúde.
Então, o selo mostra que o produto foi elaborado de acordo com as condições higiênico sanitárias exigidas pelo Ministério da Agricultura.
"Às vezes se tem um bom produto, mas falta qualidade. Quando alguém acha esse selo no produto, sabe que ele está de acordo com as exigências e com isso há, também, a preservação da saúde pública", completou.
