INTERNACIONAL

Sem passarelas, modelos procuram se reinventar

"Agora existe uma Semana da Moda?", ironiza a modelo Christelle Yambayisa, referindo-se ao programa parisiense que começa nesta segunda-feira (1) no formato virtual

AFP
01/03/2021 às 12:44.
Atualizado em 22/03/2022 às 11:11

"Agora existe uma Semana da Moda?", ironiza a modelo Christelle Yambayisa, referindo-se ao programa parisiense que começa nesta segunda-feira (1) no formato virtual. Com o desaparecimento das passarelas por causa da pandemia, o ofício precisou se adaptar.

"Não é que haja menos trabalho", explica esta modelo residente em Paris, que nos últimos meses viajou para países como Itália, Suécia e Polônia para protagonizar campanhas publicitárias.

Mas o ofício não é o mesmo, admite à AFP, relembrando como as Semanas de Moda, principal trampolim profissional para as modelos, pautavam sua vida antes da pandemia.

Com o calendário de setembro, o mais importante, "fazíamos esportes, deitávamos cedo para estar em forma para os castings", lembra Yambayisa. O objetivo era abrir ou fechar um desfile, um privilégio que impulsionava a carreira de qualquer modelo.

No entanto, nos vídeos em que agora as marcas apresentam suas coleções na falta de poder reunir seu público ao redor de uma passarela, os rostos "nem são reconhecidos", lamenta.

A renda também caiu. Uma Semana da Moda exclusivamente presencial, como a última realizada em Paris em fevereiro de 2020, permitia ganhar "como mínimo 4.000 euros (US$ 4.800) e até 50.000 euros (US$ 60.000), em alguns casos. Era um momento importantíssimo".

Para a modelo turca Oyku Bastas, presença comum nas Semanas de Moda de Paris, Milão, Londres e Nova York, a crise sanitária representa um "golpe muito difícil".

"Durante seis meses não ganhei nada", conta. Antes, ganhava entre 6.000 e 7.000 euros (US$ 7.200-8.400) por cada programa de desfiles, o que a permitia viver e estudar "por três meses". No início da pandemia, não podia nem sair da Turquia: "as fronteiras fecharam, os consulados pararam de trabalhar", explica.

Graças a um visto americano, há um mês ela trabalha em Nova York, onde participa em sessões de fotos. "Só tem uma por dia, não é sempre e os pagamentos não são os mesmos", afirma Bastas.

A crise, no entanto, impulsionou a demanda local, como explica à AFP Cyrielle Lalande.

"Por ser francesa e estar em Paris, trabalhei com empresas" nacionais e viajou para países vizinhos como Itália e Espanha, explica.

"Tenho inclusive novos clientes. Como nem todas as modelos podem viajar, as empresas buscam mais em nível local", acrescenta.

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