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Sem recursos, hospital no Paraguai luta para evitar colapso pela covid

Com orçamento esgotado e pessoal médico e de enfermagem exausto, o Hospital das Clínicas, também conhecido como "hospital dos pobres", luta para evitar o colapso um ano após o início da pandemia e em pleno auge de contágios pelo coronavírus no Paraguai

AFP
19/03/2021 às 07:33.
Atualizado em 22/03/2022 às 04:31

Com orçamento esgotado e pessoal médico e de enfermagem exausto, o Hospital das Clínicas, também conhecido como "hospital dos pobres", luta para evitar o colapso um ano após o início da pandemia e em pleno auge de contágios pelo coronavírus no Paraguai.

"O sistema está saturado, à beira do colapso. Estamos lutando para salvaguardar a integridade e a vida dos nossos compatriotas", disse à AFP Jorge Giubi, diretor-geral assistencial do Hospital das Clínicas, subordinado à Faculdade de Medicina da Universidade Nacional, que abriga cerca de 60 internados com a covid-19.

"O Hospital das Clínicas está passando por uma situação muito difícil. Temos um orçamento muito limitado, que já foi consumido para medicamentos e insumos. Esse déficit passa para o bolso do paciente. Muitos têm que comprar insumos com os quais nós não contamos", descreveu Giubi.

Nas últimas semanas, parentes dos doentes montaram barracas de camping em frente a vários centros de saúde com cartazes improvisados, dizendo: "Recebem-se doações", "Recebem-se provisões, fraldas, água", todos destinados para uma centena de doentes.

Também recorrem às redes sociais em busca de medicamentos para o tratamento dos familiares. "Vale tudo, até pedimos que nos façam delivery de Clorinda", cidade argentina mais próxima de Assunção, disse Mario Paredes, familiar de um internado.

"Existe uma explosão dentro da sociedade, com uma taxa de contágio altíssima que repercute diretamente nos nossos serviços de emergência. Esse contágio maciço faz com que o percentual de pacientes críticos também se elevasse e estes são os que requerem internação", explicou Giubi, de 46 anos e que desde 2016 é diretor do hospital.

O Hospital das Clínicas é um moderno complexo de edifícios que ocupa várias quadras no prédio da Universidade Nacional, com capacidade para 600 leitos, situado em San Lorenzo, arredores da capital.

As autoridades preveem a habilitação de mais 50 leitos, em caso de uma catástrofe sanitária.

Mas "os médicos e o pessoal de enfermagem estão esgotados depois de um ano de trabalho. A tensão que existe por toda esta situação pandêmica gera muito desgaste", afirmou Giubi, ao indicar que começaram a trabalhar com o departamento de psiquiatria e de psicologia para dar apoio aos profissionais de saúde.

O Ministério da Saúde reporta uma média de 40 mortes e 2.000 contágios por dia no país. A cada três mortes registradas, uma dá positivo, segundo as estatísticas oficiais.

Embora ainda seja baixo em comparação com os padrões da região, o total de casos confirmados é de mais de 181.000 e 3.500 falecidos em uma população de 7 milhões de habitantes.

"Estamos vivendo um dos picos mais importantes de toda a pandemia, com ocupação total de leitos. Estamos realizando os esforços para mitigar esta situação", afirmou Ricardo Caballero, encarregado da unidade de terapia intensiva do hospital universitário.

Entre o pessoal médico e paramédico desta instituição, oito pessoas perderam a vida.

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