Servidores municipais

Sindicato prepara greve e governo divulga carta

Segundo a prefeitura, o orçamento público de 2022 previa reajuste de 7,45%

Romualdo Cruz Filho
31/03/2022 às 07:11.
Atualizado em 31/03/2022 às 07:13

Sindicato diz que assembleia reuniu cerca de 2 mil pessoas; prefeitura estimou 500 participantes (Arquivo/Gazeta de Piracicaba)

Está agendada para hoje, às 13h, no Sindicato dos Municipais, uma nova coletiva de imprensa para esclarecimentos sobre o desencadeamento da deflagração de greve e os últimos detalhes relativos às negociações com a administração pública.

A paralisação está prevista para iniciar amanhã e a expectativa da diretoria da entidade é de adesão da maioria dos servidores.

No final da tarde de ontem, o diretor dos Municipais, Osmir Bertazzoni, disse que o prefeito Luciano Almeida tentava junto à Justiça o poder de aplicar um interdito proibitório, com tutela de urgência, que evitaria manifestações públicas perto do prédio do Centro Cívico, “como se estivesse no comando de uma iniciativa privada, cerceando assim as manifestações de greve dos servidores”, supondo-se que houvesse o risco de depredação do prédio, aplicando multa elevada pela ‘infração’. Caso ele consiga isso, já estamos preparando um agravo para recorrermos junto ao Tribunal

Outra estratégia para tentar mudar o ânimo da categoria para o movimento paradista partiu da Secretaria de Administração, que colocou ontem no Portal dos Servidores uma Carta Aberta detalhando os critérios para o reajuste oficial e mostrando as vantagens da proposta apresentada aos servidores. 

Logo de início, a prefeitura contesta o número de participantes na assembléia que decidiu pela greve. Para o sindicato, havia cerca de 2.000 pessoas na noite do dia 25/3. Para o governo, cerca de 500. O conflito atinge também as referências para o cálculo inflacionário dos últimos três anos. 

Segundo a prefeitura, o orçamento público de 2022 previa reajuste de 7,45%, mas o governo reconheceu que a inflação no período foi de 10,54%, segundo o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA). De 2019 a 2021, a inflação acumulada, nos cálculos oficiais, foi de 8,83% (IPCA de 12 meses). Para os municipais, a inflação acumulada nos últimos três anos foi de 19,89%. Índice aceito pelo governo, apesar dos detalhes da controversa.

Diante dos números apresentados pelos municipais, continua o documento, e com o entendimento de o governo "não ser responsável pela falta de reajuste aos funcionários em gestões anteriores", mesmo assim foi feito um novo estudo para reconsiderar as perdas apresentadas pela categoria.

Para o governo, portanto, sua proposta contempla 100% das perdas do período de três anos, com reajuste de 14,04% em duas parcelas neste ano e a diferença em mais duas parcelas, sendo 3,17% (mais inflação do período) em 2023 e 3,16% (mais inflação do período) em 2024, o que corresponde a um reajuste de 21,4%, frente a uma inflação acumulada de 19,89%.

A carta encerra afirmando que se trata do maior reajuste dos últimos 18 anos, sendo que outras cidades deram reajustes bem menores: Americana (13%), São José do Rio Preto (11%), Ribeirão Preto (10,6%) e Rio Claro (8%), sendo todas elas com acordos sindicais assinados.

Os servidores públicos fecharam questão e decidiram pela greve, defendendo um reajuste salarial de 25% e mais R$ 300 de abono a ser incorporado no salário do ano que vem.

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