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Sudão acolherá refugiados etíopes em campo para vítimas da fome dos anos 1980

O Sudão anunciou, nesta quinta-feira (12), que receberá milhares de etíopes que fogem da violência e cruzam a fronteira a pé, de bicicleta, ou a bordo de barcos, no campo que nos anos 1980 acolhia as vítimas da fome

AFP
12/11/2020 às 13:50.
Atualizado em 24/03/2022 às 08:25

O Sudão anunciou, nesta quinta-feira (12), que receberá milhares de etíopes que fogem da violência e cruzam a fronteira a pé, de bicicleta, ou a bordo de barcos, no campo que nos anos 1980 acolhia as vítimas da fome.

Por uma semana, o Exército etíope liderou uma operação militar na região separatista do Tigré (norte), a qual obrigou mais de 11.000 pessoas a cruzarem o território rumo ao Sudão, segundo um oficial do país vizinho.

Centenas de pessoas morreram nesta operação promovida pelo primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, ganhador do prêmio Nobel da Paz no ano passado.

De acordo com um fotógrafo da AFP na região de Hamdait, na fronteira com a Etiópia, os refugiados, principalmente mulheres, jovens e crianças, chegam de bicicleta, ou a pé, e parecem exaustos.

Centenas de pessoas ainda esperavam do lado etíope da fronteira para tentar atravessar o rio que separa os dois países, segundo o fotógrafo.

Diante do influxo, as autoridades sudanesas abriram na quinta-feira um acampamento que acolheu, na década de 1980, milhares de pessoas que fugiam da pior fome do século na Etiópia.

"Para hospedar a onda de refugiados reabrimos o campo Um Raquba [perto da fronteira com a Etiópia], construído na década de 1980 e fechado em 2000", disse o governador do estado de Gedaref, Suleiman Ali Mohammad, à agência oficial Suna.

Um funcionário da Comissão Sudanesa para Refugiados, Mohammed Rafic, disse à Suna que sua organização iria implantar helicópteros e veículos para transportar os refugiados até o campo, localizado a cerca de 80 quilômetros da fronteira.

De 1983 a 1984, milhares de pessoas fugiram da Etiópia, que sofreu uma das piores fomes do século, causada por uma terrível seca e ampliada por uma guerra comandada pelo ditador Mengistu Haile Mariam contra os guerrilheiros do Tigré.

Os refugiados na época incluíam falashas, judeus etíopes, mais de 8.000 dos quais foram trazidos para Israel através de Cartum.

O escritório de assuntos humanitários da ONU alertou, na quarta-feira, que a falta de acesso significa que "alimentos, saúde e outros suprimentos de emergência não podem chegar à região" e expressou "crescente preocupação com a proteção de civis de hostilidades".

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