INTERNACIONAL

Suíços se pronunciam no domingo sobre iniciativa contra burca

Os suíços vão às urnas no domingo (7) para votar a proibição de esconder o rosto em público, uma iniciativa que visa diretamente as mulheres muçulmanas que usam niqab e burca, embora muito poucas o façam no país alpino

AFP
05/03/2021 às 08:55.
Atualizado em 22/03/2022 às 10:02

Os suíços vão às urnas no domingo (7) para votar a proibição de esconder o rosto em público, uma iniciativa que visa diretamente as mulheres muçulmanas que usam niqab e burca, embora muito poucas o façam no país alpino.

As pesquisas apontam vitória à iniciativa chamada "antiburca", depois de anos de debates e da adoção de medidas semelhantes em outros países europeus.

Se o texto não menciona a burca (uma espécie de túnica longa que cobre as mulheres da cabeça aos pés e tem uma rede na altura dos olhos) ou o niqab (que cobre completamente o corpo e o rosto, exceto os olhos), todos sabem a quem está se referindo.

Para quem não entendeu, mulheres usando niqab aparecem nos cartazes da campanha "Acabar com o Extremismo".

Por sua vez, os cartazes dos opositores da iniciativa apelam ao voto "não a uma lei islamofóbica, absurda e inútil".

Se a iniciativa for aprovada, será proibido cobrir completamente o rosto em público, embora estejam previstas exceções, por exemplo, para locais de culto.

"O objetivo da iniciativa não são os muçulmanos. Não questionamos suas práticas religiosas", disse à AFP Jean-Luc Addor, porta-voz do "sim" e membro do partido populista de direita UDC. Para ele, trata-se de defender "os valores da nossa civilização".

Addor reconhece que existem muito poucas mulheres que usam esse tipo de vestimenta na Suíça. Mas, "quando um problema é identificado, deve ser resolvido antes que saia do controle".

Muitas organizações feministas se opõem à proibição.

"Além de inútil, este texto é racista e sexista. Em pleno 2021, como feministas, não é aceitável que a Constituição suíça tenha um artigo que ordene ou proíba as mulheres, seja ela quem for", disse à AFP Inés El Shikh, porta-voz do coletivo feminista muçulmano "Lenços Violetas".

Para El Shikh, o projeto de lei cria a ilusão de um problema onde não há nenhum e diz respeito a apenas algumas dezenas de mulheres.

O sim lidera nas pesquisas, mas sua vantagem inicial, muito confortável, caiu desde janeiro.

O governo federal e o Parlamento se opõem a essa medida, argumentando que trata de um problema que não existe.

Sua alternativa, que seria adotada imediatamente em caso de fracasso do sim, obrigaria as pessoas a mostrarem o rosto quando as autoridades exigirem para fins de identificação, por exemplo, nas fronteiras.

As infratoras podem ser multadas em até 10.000 francos suíços (US$ 10.800).

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