INTERNACIONAL

Taiwan teme ser o próximo alvo da China

"Nós somos os próximos". Em Taiwan, a decisão da China de impor uma severa lei de segurança em Hong Kong multiplica o medo de ver a ilha e sua democracia se tornar o próximo alvo de Pequim

AFP
07/07/2020 às 10:37.
Atualizado em 26/03/2022 às 17:51

"Nós somos os próximos". Em Taiwan, a decisão da China de impor uma severa lei de segurança em Hong Kong multiplica o medo de ver a ilha e sua democracia se tornar o próximo alvo de Pequim.

A China comunista prometeu recuperar o controle, mesmo que pela força, se necessário, da ilha onde os nacionalistas chineses se refugiaram após sua derrota para os comunistas no final da guerra civil de 1949.

"Essa lei me faz detestar ainda mais a China", disse à AFP Sylvia Chang, uma estudante de 18 anos de idade no campus da Universidade Nacional de Taiwan.

"Eles haviam prometido a Hong Kong 50 anos sem mudanças, mas estão impondo cada vez mais seu controle", afirmou, dizendo temer que o mesmo aconteça com Taiwan.

A China também propôs a Taiwan se beneficiar do princípio "um país, dois sistemas" aplicado em Hong Kong após a retrocessão em 1997, também com a promessa de garantir autonomia por 50 anos, com liberdades desconhecidas no continente.

Oferta sempre rejeitada pelos dois principais partidos políticos de Taiwan. E a nova lei acabou com qualquer confiança que ainda podiam ter em relação a Pequim.

Muitos temem ir a Hong Kong por medo de serem processados por suas atividades nas redes sociais.

A lei "mostra a China (...) ainda mais afastada do povo de Hong Kong, sem mencionar aqueles que vivem do outro lado do estreito, em Taiwan", disse à AFP Alexander Huang, analista político.

Pequim intensificou sua pressão diplomática, econômica e militar sobre a ilha após a eleição da presidente Tsai ing-wen, do Partido Democrático Progressista (PDP), em 2016. Reeleita em janeiro, ela considera Taiwan um Estado soberano e rejeita a visão de "uma China única".

Taiwan "monitora de perto a aplicação da lei em Hong Kong", afirmou a presidente nesta terça-feira, alertando que medidas serão tomadas se causar "o menor dano" à ilha.

Ao longo dos anos, especialmente com o fim do estado de emergência em 1987, uma identidade taiwanesa se formou, e a pressão de Pequim incomoda seus 23 milhões de habitantes.

Segundo uma pesquisa universitária, 67% da população se considera taiwanesa e não taiwanesa-chinesa. Em 1992, os primeiros eram apenas 18%.

Taiwan é atualmente uma das democracias mais progressistas da Ásia. Os jovens desconfiam do autoritarismo de Pequim. Mensagens de apoio ao movimento pró-democracia em Hong Kong, à independência de Taiwan ou denúncias de violações de direitos humanos no Tibete ou em Xinjiang circulam nas redes sociais.

A nova lei permite que o aparato de segurança chinês se estabeleça abertamente em Hong Kong. Seu artigo 38 estipula que crimes de segurança nacional cometidos no exterior, inclusive por estrangeiros, podem ser processados na China.

A polícia de Hong Kong alertou que apoiar a independência de Hong Kong, Taiwan, Tibete e Xinjiang é ilegal.

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