INTERNACIONAL

Taxas de mortalidade indicam que número de mortos por coronavírus pode ser maior

Qual é o verdadeiro balanço do coronavírus no mundo? Segundo as estatísticas oficiais, a pandemia provocou mais de 300

AFP
15/05/2020 às 12:26.
Atualizado em 30/03/2022 às 01:00

Qual é o verdadeiro balanço do coronavírus no mundo? Segundo as estatísticas oficiais, a pandemia provocou mais de 300.000 mortes, mas se o número total de óbitos em um país for comparado com o dos anos anteriores, tudo indica que o saldo real pode ser muito maior.

Oficialmente, 12.428 pessoas morreram na Itália em decorrência da COVID-19 entre 20 de fevereiro e 31 de março. Porém, no mesmo período, as autoridades constataram 25.354 mortes a mais do que a média dos últimos cinco anos.

As 12.900 pessoas mortas "sem explicação" são vítimas invisíveis do novo coronavírus?

Nos Estados Unidos, a diferença é ainda maior. Em março, mês em que o país ainda não havia sido fortemente afetado pelo vírus, a diferença entre as mortes oficiais por COVID-19 (1.890) e a sobremortalidade (6.000) é três vezes maior.

E como explicar as 3.706 mortes a mais registradas na Alemanha nesse mesmo período? Oficialmente, 2.218 foram atribuídas ao coronavírus.

De acordo com a professora Yvonne Doyle, diretora de saúde pública do Reino Unido, o excesso de mortes durante um determinado período de tempo é o melhor indicador do verdadeiro impacto do coronavírus. Pelo menos em países que publicam dados confiáveis.

Esses números permitem conhecer o impacto real e também é uma medida comparável internacionalmente, explica.

A sobremortalidade serviria para distinguir bons e maus alunos quando se trata de contar o número de mortes do coronavírus? Sim e não, segundo os especialistas.

Embora provável, é impossível afirmar com certeza que essas dezenas de milhares de mortes adicionais são todas vítimas do vírus.

"São aumentos estatísticos que precisam estar associados a uma causa e não podemos dizer a que se devem esses aumentos", diz o diretor do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências em Saúde do Ministério da Saúde espanhol, Fernando Simón.

"Não sabemos se eles se devem a um enorme acidente de trânsito, se causados por um aumento na mortalidade por ataques cardíacos, por um aumento na mortalidade por coronavírus ou por outra doença", acrescenta.

Para Michel Guillot, diretor de pesquisa do Instituto Francês de Estudos Demográficos (INED), esse "excesso de mortalidade é uma consequência da crise do coronavírus como um todo. Pode haver efeitos indiretos, como o aumento de outros tipos de mortes, porque as pessoas vão menos ao hospital".

As autoridades de saúde italianas estimam que o excesso de mortalidade pode ser explicado pelo fato de haver vítimas do coronavírus que não foram identificadas, mas também por pacientes que morreram devido à saturação dos hospitais.

Mas esse peso deve ser baixo, segundo Guillot, que estima que esse excesso de mortalidade mostra claramente um "efeito direto do vírus".

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