Uma jovem espiã israelense parte para o Irã para hackear um radar antes de um ataque contra um reator nuclear. "Teerã" é uma nova série "made in Israel", na qual os roteiristas se inspiraram livremente nas tensões entre os dois países inimigos.
Nos últimos anos, Israel criou um nicho próprio no cenário internacional como referência em séries de televisão. E este ano não parece ser diferente com "Teerã", cuja transmissão está prevista para setembro na plataforma Apple TV, disponível em cem países e regiões.
Nesta ficção de oito episódios, transmitida desde junho na rede pública israelense Kan, Tamar Rabinayan, uma jovem hacker nascida no Irã, mas criada em Israel, é enviada pelo Mossad a Teerã sob uma identidade falsa para hackear um radar.
"A operação visa impedir que o radar detecte os aviões israelenses enviados para bombardear um reator nuclear iraniano", explica Moshe Zonder, co-criador da série.
Embora seja uma ficção, a tensão entre Israel e Irã na realidade é forte e se cristaliza em torno do programa nuclear de Teerã, a quem Israel acusa de querer desenvolver uma arma atômica, algo que o Irã nega.
"Gostaria de pensar que é uma série israelense-iraniana, embora esse não seja oficialmente o caso", conta Zonder à AFP.
Aliado de Israel sob o reinado de xá, o Irã se tornou inimigo declarado deste país após a revolução islâmica de 1979.
Em 2005, o ex-presidente Mahmud Ahmadinejad pediu para "apagar" Israel do mapa e em 2018 o guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou que Israel era "um tumor cancerígeno maligno que deve ser extirpado e erradicado".
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, alertou o Irã de uma resposta "ensurdecedora" em caso de ataque. Israel, por sua vez, realizou centenas de bombardeios contra as forças iranianas na Síria, aliadas do regime do presidente Bashar al-Assad e acusadas de querer se instalar em sua fronteira.
Para Moshe Zonder, as tensões entre os dois inimigos são alimentadas pelos líderes de ambos os países, que veem nisso uma oportunidade de desviar a atenção dos "verdadeiros problemas".
"Os dois povos poderiam ser amigos, sem os líderes que assustam as pessoas e alimentam o ódio para permanecer no poder", considera.
Colocar uma mulher no centro de uma nova série de ação e vê-la evoluir em um mundo ainda governado majoritariamente por homens é, diz ele, uma decisão política. "Definitivamente é uma série feminista".
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