INTERNACIONAL

Tensão diminui na Nigéria após três dias de violência e repressão

A tensão diminuiu pouco a pouco nesta sexta-feira (23) na megalópole nigeriana de Lagos, com ruas desertas, controles policiais e alguns poucos saques, depois de três dias de protestos, distúrbios e uma repressão violenta nesta capital econômica da Nigéria

AFP
23/10/2020 às 14:38.
Atualizado em 24/03/2022 às 08:43

A tensão diminuiu pouco a pouco nesta sexta-feira (23) na megalópole nigeriana de Lagos, com ruas desertas, controles policiais e alguns poucos saques, depois de três dias de protestos, distúrbios e uma repressão violenta nesta capital econômica da Nigéria.

Na noite de ontem, o presidente Muhammadu Buhari alertou em um discurso que não permitirá que "ninguém nem nenhum grupo coloque a paz e a segurança nacional em perigo" e lamentou ter sido "muito fraco" desde o início dos protestos.

Há 15 dias, milhares de jovens nas grandes cidades da Nigéria, inicialmente mobilizados via redes sociais, foram às ruas para denunciar a violência policial e a ineficácia e corrupção do poder central. Essas manifestações foram pacíficas até o início desta semana.

Na terça-feira, porém, a dura repressão das forças de segurança contra milhares de manifestantes pacíficos em Lagos causou ao menos 12 mortes, segundo a ONG Anistia Internacional, provocando uma onda de indignação no país e no exterior.

Os dois dias seguintes foram marcados por saques, incêndios e distúrbios em Lagos, uma cidade de 20 milhões de habitantes.

Desde o início das manifestações há duas semanas, 56 pessoas morreram em todo país, segundo a Anistia Internacional.

Na madrugada desta sexta-feira, vários caminhões da polícia com agentes armados com fuzis Kalashnikov controlavam os escassos carros nas ruas desertas, dispersando os pedestres que tentavam voltar para suas casas, mais de dois dias após a implementação de um toque de recolher total na cidade.

Nos bairros populares, onde várias delegacias e prédios oficiais foram incendiados, e as lojas, saqueadas, uma certa tranquilidade reinava nesta sexta-feira.

Grupos de jovens continuam bloqueando carros em troca de dinheiro. Esses incidentes parecem, no entanto, estar mais relacionados ao desespero dos habitantes pobres da cidade, após cinco semanas de confinamento em março, devido ao coronavírus, e mais uma vez sem poder trabalhar por causa do toque de recolher.

Primeira potência econômica do continente africano graças ao seu petróleo, a Nigéria também é o país com o maior número de pessoas que vivem abaixo do limite da extrema pobreza em todo mundo.

Nas redes sociais, as figuras do movimento popular e celebridades do país que apoiaram os manifestantes expressaram sua frustração, após o discurso intransigente do presidente Buhari. A maioria fez, porém, apelos à calma, e vários sugeriram que os protestos devem tomar outros rumos agora.

A "coalizão feminista", que coordenou parte da ajuda fornecida ao movimento, convidou a juventude a ficar em suas casas, destacando que "nenhuma vida merece ser perdida".

O governador de Lagos divulgou a lista de oficiais da polícia "processados na Justiça por violação dos direitos humanos", como sinal de compromisso para "reconstruir Lagos e acabar com a impunidade policial".

A Anistia Internacional pediu, nesta sexta-feira, "a abertura imediata de uma investigação independente", especialmente sobre as mortes em Lekki, onde na terça-feira morreram 10 pessoas, segundo essa ONG. O caso comoveu o país e o exterior.

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