INTERNACIONAL

Tensão na Tailândia, na véspera de grande manifestação pró-democracia

A tensão aumenta na Tailândia entre manifestantes pró-democracia, autoridades e ultra-monarquistas, na véspera de outra grande mobilização planejada em Bangcoc, após quatro meses de revolta

AFP
24/11/2020 às 07:29.
Atualizado em 24/03/2022 às 02:20

A tensão aumenta na Tailândia entre manifestantes pró-democracia, autoridades e ultra-monarquistas, na véspera de outra grande mobilização planejada em Bangcoc, após quatro meses de revolta.

Veja o que se sabe sobre as forças presentes e as possíveis soluções para a crise em um país acostumado a confrontos e repressões sangrentas.

"Estamos iniciando uma nova era na nossa luta (...) um compromisso não é mais possível", alertaram os líderes da revolta.

Nos quatro meses de mobilização, eles conseguiram convocar até 30.000 pessoas em Bangcoc, algo nunca visto desde o golpe de 2014 do general Prayut Chan-O-Cha.

A situação endureceu. Slogans e insultos contra a monarquia, intocável até recentemente, agora proliferam. A polícia não hesita em usar canhões de água e gás lacrimogêneo. Na semana passada, seis pessoas foram feridas por tiros, cuja origem não foi determinada.

O movimento pró-democracia agora tem uma base sólida nas ruas e nas redes sociais.

Os "camisas vermelhas" ligados ao ex-primeiro-ministro exilado Thaksin Shinawatra poderiam se juntar ao movimento, algo que até agora hesitam em fazer.

Mas para Siripan Nogsuan Sawasdee, professor de Ciência Política da Universidade Chulalongkorn em Bangcoc, os manifestantes, se desejam atrair mais pessoas, "devem se organizar em torno de líderes únicos e priorizar suas demandas" (renúncia do primeiro-ministro, reforma da Constituição, reforma da monarquia, do sistema educacional).

Nenhuma delas foi atendida até agora, e o Parlamento se pronunciou apenas a favor da criação de uma assembleia constituinte que não faria grandes mudanças.

Mas a revolta "permitiu o surgimento de uma nova cultura política que impulsiona o reino para uma liberdade de expressão sem precedentes", enfatiza Siripan Nogsuan Sawasdee.

As autoridades têm alternado medidas, dando a impressão de uma certa improvisação, com medidas de emergência proclamadas e retiradas, ou prisões seguidas de libertação dos líderes da revolta.

"Navegam sem instrumentos", ilustra Paul Chambers, da universidade de Naresuan (norte).

Ao contrário dos movimentos anteriores, a maioria dos manifestantes são jovens urbanos das classes média e rica, dançando ao ritmo do K-pop sul-coreano. Muitos são mulheres. Enfrentá-los diretamente pode prejudicar a reputação internacional do país.

No entanto, as autoridades exercem a ameaça do artigo 112 sobre crimes de lesa-majestade, que pune qualquer insulto ao rei com até 15 anos de prisão e que não tem sido utilizado nos últimos anos.

"Os limites foram excedidos", advertiu Prayut Chan-O-Cha.

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