Os habitantes da República do Congo foram às urnas neste domingo (21), privados de internet, em uma eleição em que o presidente Denis Sassou Nguesso enfrenta seis adversários em busca da reeleição já no primeiro turno
Os habitantes da República do Congo foram às urnas neste domingo (21), privados de internet, em uma eleição em que o presidente Denis Sassou Nguesso enfrenta seis adversários em busca da reeleição já no primeiro turno.
O principal oponente de Sassou Nguesso, Guy-Brice Parfait Kolelas, foi levado para Paris na tarde de domingo após testar positivo para covid-19 na sexta-feira, disse sua equipe de campanha. "Meus queridos compatriotas, lutando contra a morte, peço que se levantem. Votem pela mudança", declarou ele no sábado em um vídeo.
As autoridades cortaram o acesso à internet à noite, antes da abertura das seções de voto, e não irão restaurá-lo a princípio até que os resultados provisórios sejam anunciados durante a semana.
O prazo pode parecer longo para um país de cinco milhões de habitantes, metade dos quais foram convocados às urnas. Nesse tempo, são compilados os resultados, uma etapa sensível e propícia a manipulações e sanções, segundo os opositores.
"A única incerteza é qual pontuação Sassou vai pedir à comissão eleitoral", afirmou ironicamente o romancista congolês Emmanuel Dongala, contatado pela AFP, de sua residência nos Estados Unidos.
"Viemos votar para trazer mudanças ao nosso país e cumprir nosso dever cívico", disse à AFP Simon Mountandi, um funcionário público de 50 anos, ao sair de um centro de votação na capital.
O presidente de 77 anos, 36 deles no poder, busca, como anuncia sua propaganda eleitoral, "um nocaute". Ele já foi reeleito três vezes desde 2002 e quer um novo mandato de cinco anos.
Durante uma campanha sem intercorrências, estabeleceu suas duas prioridades: a juventude e o desenvolvimento agrícola, para romper com a economia do petróleo e a dependência das importações.
Durante o dia da votação, que contou com uma ampla mobilização das forças de segurança, não foram registados quaisquer incidentes relevantes, verificou a AFP.
"No geral, os congoleses ignoraram as urnas. As zonas eleitorais estavam vazias. Não se viu o fluxo de 2016", disse Brice Makosso, membro da sociedade civil de Pointe-Noire.
As autoridades negaram à conferência episcopal o credenciamento de observadores nas seções de voto.
A União Africana enviou apenas cerca de 20 observadores, oficialmente por causa da pandemia de covid-19. "Não houve eleitores suficientes durante a manhã. As coisas melhoraram à tarde. Os eleitores votaram livremente em relação a 2016", afirmou a chefe da missão, Dileita Mohamed.
Os opositores já denunciaram a votação antecipada de membros das forças de segurança (entre 55 e 60 mil), uma fonte de potenciais fraudes, segundo eles.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu a "todos os interessados que trabalhem por um processo eleitoral pacífico" no país, também conhecido como Congo-Brazzaville.