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Todos contra a COVID-19 no maior hospital de Barcelona

Dentro do maior hospital de Barcelona reina uma estranha calma: silêncio nos corredores e tensão nas unidades de tratamento intensivos (UTIs), epicentro do combate à COVID-19, motivo para o qual esse enorme centro de saúde destina todos os seus esforços

AFP
07/04/2020 às 16:51.
Atualizado em 31/03/2022 às 03:39

Dentro do maior hospital de Barcelona reina uma estranha calma: silêncio nos corredores e tensão nas unidades de tratamento intensivos (UTIs), epicentro do combate à COVID-19, motivo para o qual esse enorme centro de saúde destina todos os seus esforços.

Com mais de 50 especialidades distintas, o hospital Vall d"Hebron passou a destinar 90% dos seus recursos para tratar a doença. As consultas externas foram suspensas, cirurgias e transplantes, adiados, e inúmeras áreas passaram a integrar os grupos para enfrentar o novo coronavírus.

Os 56 leitos da moderníssima unidade de tratamentos intensivos, inaugurada em 2018, logo ficaram escassos e tiveram que ganhar espaço colocando camas e respiradores em uma sala de hemodiálise e em outra que servia para se dar aulas universitárias.

"Chegamos a ter dois dias seguidos com 24 novos pacientes por dia. A cada hora tínhamos que entubar um paciente, conectá-lo a um respirador e colocá-lo na unidade de tratamento intensivo", explica o chefe do serviço, Ricard Ferrer.

A situação se estabiliza, com mais equilíbrio entre altas e internações, mas o trabalho segue a todo vapor. Na noite passada, doze novos pacientes entraram na unidade.

"Virão uma ou duas semanas muito críticas (...) A batalha na UTI será longa", insiste o médico, em frente a uma grande tela que mostra a cada instante informações clínicas dos pacientes que entraram no local.

Há pessoas de todas as idades, e a evolução a partir dos primeiros sintomas é muito rápida.

"Entre o momento que os avaliamos pela primeira vez e sua entrada na UTI às vezes passam algumas horas", disse Ferrer.

Nessa unidade de cuidados intensivos quase todos os pacientes dormem em boxes fechados que se espalham pela parte esquerda e direita do corredor central. Por ali, médicos e enfermeiros se movimentam usando máscaras cirúrgicas. O especial equipamento máximo de proteção é reservado para se poder entrar nos boxes.

É o turno de Antonio Álvarez, um enfermeiro de 33 anos, que veste seu jaleco, o protetor para sapatos, os óculos e máscara de alta proteção com uma cirúrgica por cima.

O respirador não é o suficiente para um paciente e devem lhe aplicar a inovadora técnica de extrair seu sangue, oxigená-la artificialmente com uma máquina e devolvê-la ao organismo.

"Em vez de colocá-lo no pulmão, oxigenamos o sangue diretamente", explica esse enfermeiro, que afirma viver "como um luto" nesta epidemia.

"Tive uma fase de raiva, negação, você vai tendo fases".

"Agora está um pouco difícil, mas vai melhorar. Morrem menos pacientes e há mais extubados e com máscara. Ao menos podemos falar com eles. Esses dias estavam todos inconscientes", acrescenta.

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