Parentes e amigos participaram do ato em homenagem às vítimas do ataque ocorrido no ônibus da linha 444 (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)
Um início de noite comovente. Dezenas de pessoas se reuniram ontem no ponto de ônibus da avenida Armando de Salles de Oliveria, entre a Voluntários de Piracicaba e a Rejente Feijó, para um ato em memória das vítimas dos assassinatos em série ocorridos no local, há uma semana, a bordo do ônibus linha 444, TCI/Vila Sônia. Um grupo de músicos voluntários se dispôs a vocalizar o momento, dando o ritmo à solenidade.
A empresa de Transporte Urbano de Piracicaba (TUPi), em parceria com a Associação Memorial Amigos de Sião (AMAMOS) e a Rádio Metropolitana, promoveram o encontro, que teve o propósito de lembrar os nomes das vítimas e levar à sociedade um momento de reflexão sobre a violência urbana.
"A TUPi fará a adesivação de mensagens que enaltecem a paz, o amor, a fraternidade, a generosidade, e tantos outros valores que estão em falta no nosso cotidiano, no ponto de ônibus onde, infelizmente, três vidas foram tiradas", explicou a assessoria da empresa de ônibus.
Ainda segundo a empresa, toda a frota de ônibus irá receber nos seus itinerários as palavras empatia, paz, amor, solidariedade e bondade. Por solicitação dos organizadores do ato, os participantes levaram cartazes, flores, velas e outros elementos que simbolizam o respeito e a lembrança do ocorrido.
Segundo Mauricio Ribeiro, da Associação Memorial Amigos de Sião, "o ato tem efeito simbólico, de tributo às vítimas e respeito aos familiares; por isso queremos fazer da forma mais singela e simples, sem espaço para qualquer manifestação mais acalorada, seja política ou social. O momento é de luto, não de luta", explicou ele.
Jane Franco Oliveira, secretária do Trânsito e Transporte, que esteve no ato, disse que a situação era lamentável. "Muito triste o que ocorreu em nossa cidade. Tanto que estamos trabalhando para melhorar o transporte público e a vida das pessoas, um caso isolado como este vem para prejudicar o clima e causar essa sensação de insegurança. Só posso dizer que este é um momento de solidariedade às famílias das vítimas. Somos solidários. É o que temos a dizer".
O presidente do Legislativo, Gilmar Rotta, também observou que a situação era muito triste. "Por mais que o poder público, as forças públicas trabalhem, uma fatalidade como esta mostra nossa fragilidade. O momento exige também uma reflexão sobre novos caminhos para a segurança pública em nossa cidade".
A tragédia
Segundo matéria da Gazeta, José Antonio Santana, 52 anos, esfaqueou e matou três pessoas dentro de um ônibus de transporte coletivo, que faz a linha TCI/Vila Sônia. Os crimes em série ocorreram às 15h15, quando o veículo estava no segundo ponto depois da saída do Terminal Urbano da cidade. Outras três pessoas ficaram feridas. Morreram Valdemar da Silva Vemâncio (68), Adriana Coelho da Silva (42) e Roseli Ramalho Ferreira (55). O criminoso foi preso em seguida pela Polícia Militar.
Segundo relatos, o ônibus estava lotado, com muita gente em pé. O criminoso tirou a faca de uma sacola e partiu para cima dos passageiros. Adriana foi a vítima mais cruelmente agredida. Ela era funcionária do Sindicato dos Metalúrgicos. Tentou enfrentar a situação e recebeu vários golpes, inclusive na defesa de outro passageiro, que também poderia ser morto.
Tudo leva a crer que se tratou de um crime premeditado, porque o próprio criminoso relatou à PM que sacou R$ 150 da sua conta e comprou a faca, em seguida foi a um bar, bebeu conhaque e seguiu para o TCI, entrando para o ônibus da linha 444, que vai para o bairro Vila Sônia, onde ocorreram os crimes.