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Trinta anos após unificação, Iêmen volta a se dividir

Trinta anos após a unificação dos antigos estados do Norte e do Sul, o Iêmen está prestes a se dividir novamente em meio a conflitos armados, reivindicações regionais e interferência estrangeira

AFP
20/05/2020 às 10:15.
Atualizado em 27/03/2022 às 23:01

Trinta anos após a unificação dos antigos estados do Norte e do Sul, o Iêmen está prestes a se dividir novamente em meio a conflitos armados, reivindicações regionais e interferência estrangeira.

Em 22 de maio de 1990, os líderes da República do Iêmen do Norte e do Iêmen do Sul anunciaram em Sanaa, a capital, o nascimento de um país único.

Tratou-se da realização do "sonho de toda uma geração de iemenitas", diz à AFP o analista político Saleh al Baidhani.

Mas hoje esse sonho está desfeito, em um país envolvido em conflitos intermináveis, com um mosaico de zonas rivais.

Sanaa e amplas áreas do norte estão nas mãos dos rebeldes huthis, enquanto o governo controla a zona central de Marib e as províncias do leste.

Os confrontos entre separatistas e forças pró-governo abriram uma frente dentro do campo anti-huthi.

Tudo isso levou ao fim do Iêmen concebido em 1990, como admitido nos círculos de poder, exilado em Riade.

Questionado pela AFP, Ali al Sarari, conselheiro do primeiro-ministro Main Abdelmalek Said, vê apenas duas opções para o futuro: "um Iêmen fragmentado ou um Iêmen federal e descentralizado".

Mas esta última opção parece ilusória: o conflito no Iêmen deixou milhares de mortos desde 2014, essencialmente civis, segundo organizações humanitárias, e o país está enfrentando a pior crise humanitária do mundo, de acordo com a ONU.

O Iêmen foi unificado após "transformações revolucionárias", lembra Baidhani.

Após um golpe de Estado por oficiais nacionalistas em 1962, a monarquia zaidita no norte do Iêmen se tornou uma república.

Por sua vez, o Sul se tornou independente em 1967, após quatro anos de revolta contra os colonos britânicos. Em 1970, um regime marxista foi estabelecido, o único no mundo árabe.

Duas ideologias são então opostas: nacionalista no Norte, socialista no Sul. Mas ambas tendem à unificação do país.

Mas o caminho para um Iêmen unido será marcado por combates sangrentos, incidentes fronteiriços e negociações sem fim.

Em 1978, chega ao poder no Norte Ali Abdallah Saleh, que mais tarde se tornaria o primeiro presidente do novo país, com o apoio de ex-líderes do Sul.

Mas, muito rapidamente, estes se sentem excluídos do poder e tentam uma secessão em 1994, reprimida violentamente pelas tropas do Norte.

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