Vendas de Natal

Troca de presentes: tradição que amplia as vendas do comércio varejista

O Procon orienta que não existe uma lei que garanta a troca de produtos, a não ser por motivo de defeito

Romualdo Cruz Filho
26/12/2022 às 19:52.
Atualizado em 26/12/2022 às 19:52
Stephane Cardoso observa a vitrine. Ela foi até a loja para fazer a troca da sandália ontem à tarde (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

Stephane Cardoso observa a vitrine. Ela foi até a loja para fazer a troca da sandália ontem à tarde (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

Depois da Festa de Natal, começa uma forte movimentação para troca de presentes. Número errado do calçado, blusa da cor ou modelo que não usa, fatores os mais diversos acabam justificando a ida à loja. Mas este fenômeno social é muito bem visto pelos lojistas, uma vez que alavanca novas vendas. Tanto é que, na loja física, quando se trata de presente, há um acordo natural entre o cliente e lojista em caso de troca. Faz parte da cultura.

A gerente de uma loja, na esquina da Boa Morte com a Rangel - Valquíria M. S. Paulino, disse que raramente a pessoa que volta para trocar um presente deixa de fazer uma nova compra. No caso da loja especializada em roupas de praia e fitness esse movimento acontece o ano todo. "Desde a manhã desta segunda (26) temos tido um movimento constante nesse sentido, de troca e compra, que faz o comércio funcionar bem", afirma ela.

Em uma loja de calçados, na rua XV de Novembro, entre Governador e Boa Morte, a gerente Tânia Mara S. Magioli disse que este ano foi diferente em relação aos anos anteriores, porque as pessoas começaram a compra bem antes da proximidade do Natal. "Por isso na semana passada já fizemos troca com vendas novas para o mesmo cliente", conta ela. Para fortalecer essa dinâmica, a loja costuma fazer promoções especiais, como saldões de Natal. "São atrativos que funcionam de fato, pois ampliam as vendas". 

Tânia acredita que a tendência para o final deste ano é o comércio se fortalecer a partir do dia 30. Todo ano é mais ou menos assim. Pouco antes da virada, temos um novo aquecimento nas vendas, porque as pessoas viajam e acabam levando presente para os parentes e amigos. Ou então, se prepara com calçado novo para uma temporada no litoral".

A reclamação de Tânia é que nos últimos anos tem havido pouco estímulos para fortalecer o comércio na área central da cidade. "Não há mais iluminação especial, nem qualquer diferencial que alegre a data. Mesmo nos dias de maior movimento à noite, passou das 20h, as ruas transversais à Governador ficam às escuras, frequentadas por gente estranha".

Stephane Cardoso estava trocando sua sandália ontem à tarde e disse que é impossível passar pelo centro e não comprar alguma coisa a mais. "A gente diz que vai trocar, mas acaba gastando com algo que não estava no plano. É assim que funciona. Não tem jeito", enfatizou.

Procon

O Procon orienta que não existe uma lei que garanta a troca de produtos, a não ser por motivo de defeito. "Mas por ser um bom negócio para o lojista, há um acordo com o cliente, chamado tecnicamente de 'liberalidade', que ajuda inclusive a fidelizar o consumidor. Por isso, 99,9% das lojas consideram vantajosa a troca de produtos, mesmo que seja por não ter gostado da cor ou do modelo", explica Guilherme Mônaco de Mello, diretor do Procon.

"Claro que é sempre importante, no momento da compra do presente, perguntar se é possível trocar caso o presenteado não goste do produto".

A partir da reclamação, a loja tem 30 dias para sanar o defeito. Caso o produto não seja trocado nem consertado no prazo, o consumidor tem três opções a seu favor: trocar por um similar, receber o dinheiro de volta ou ficar com o produto, mas com desconto especial por causa do defeito. No caso de compra pela internet, o prazo para troca ou devolução é de 7 dias e não precisa justificar o motivo.

"Na compra online o cliente sequer precisa justificar o motivo da troca. Porque aí entra um fator diferente: o vendedor apresenta uma foto, que pode enganar sobre o produto e induzir o consumidor ao erro", destaca Mônaco Mello.

CDL

A troca de presentes é sempre foi uma tradição no comércio. "A CDL sempre trabalhou e continua trabalhando com os lojistas sobre a importância do treinamento dos funcionários para ter melhor resultado nas vendas. Um exemplo é quando o cliente retorna após uma compra 'apressada'. Se o atendente souber 'trabalhar' o cliente, ele consegue vender bem mais nas trocas do que na primeira venda", afirma Pedro Carvalho, da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Piracicaba.

"O ambiente é bem mais calmo e consequentemente poderá convencer o que veio somente fazer a troca a fazê-la por um produto mais caro e ainda fazer também mais uma compra agregada”, completa.

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